Existe a ideia que tudo o que eram automóveis da Cortina-de-Ferro tinham de ser versões alteradas de Fiat italianos ou verdadeiros "monos" de linhas rectas, cores pastel, com carroçarias feitas em contraplacado ou design com vinte anos - ou mais - de atraso em relação aos standards da indústria automóvel ocidental e asiática. Nem sempre é verdade...
Syrena Sport. Reconstrução virtual do protótipo original apresentado em 1960. |
A culpa não foi da falta de capacidade ou imaginação dos engenheiros russos, polacos, checos, romenos e outros dos países-satélite da URSS. A culpa foi mesmo do comunismo e da mentalidade de "comuna" que grassou na Europa Central e de Leste depois do termino da II Grande Guerra. Se bem que considerada por muitos como ofensiva a expressão Cortina-de-Ferro serve como uma luva para um tempo em que o automóvel era considerado um bem de luxo enquanto no resto do mundo, especialmente nos EUA, o mesmo era parte do estilo de vida.
Enquanto que na Europa, desolada pela guerra, se motorizavam famílias com Citroen 2CV, Austin Minor e Fiat 500 na América, a partir de 1955, já se considerava a direcção assistida como algo indispensável. Do mesmo modo o cinema drive-in e os primeiros McDonald's estavam ligados ao automóvel.
Enquanto que na Europa, desolada pela guerra, se motorizavam famílias com Citroen 2CV, Austin Minor e Fiat 500 na América, a partir de 1955, já se considerava a direcção assistida como algo indispensável. Do mesmo modo o cinema drive-in e os primeiros McDonald's estavam ligados ao automóvel.
A partir da RDA entrava-se noutro mundo. Uma redoma de vidro ou uma bola-de-neve onde tudo era feito da melhor maneira possível. Fora dali, desse microcosmos soviético, estavam entregues a si mesmos, ao imperialismo, ao capitalismo e aos chavões da linguagem dos comunistas. O comunismo era mais do que um ideal, era um projecto crescente onde a supressão de informação servia de fermento para o levedar de um bolo que, no fim, ninguém comeu.
Na falta de verba e dentro daquilo que era permitido pelo zeitgeist aparece o primeiro FSM Syrena no ano de 1957. A marca FSM significa Fábrica de Automóveis de Baixa-Cilindrada e diz bastante sobre aquilo que era o conceito de produção de automóveis para particulares. O Syrena motorizou a Polónia socialista, foi o primeiro carro de imensas famílias e ficou imortalizado no cinema. Num mundo onde as bicicletas imperavam o pequeno Syrena foi a grande alegria de muitos. Um pequeno carro cheio de boas ideias. Tinha um motor a dois tempos, como um moto-cultivador, três cilindros (como agora é moda nos compactos) e tracção dianteira (o Mini só nos finais dos anos 50 massificou esse tipo de transmissão) o que permitia um aumento significativo do espaço para os passageiros. Chão revestido em borracha e volante em baquelite perfeitamente horizontal a par com dois enormes mostradores centrais Paliwo (combustível) e Woda (água) eram algumas das idiossincrasias do modelo polaco fabricado em Varsóvia.
Na falta de verba e dentro daquilo que era permitido pelo zeitgeist aparece o primeiro FSM Syrena no ano de 1957. A marca FSM significa Fábrica de Automóveis de Baixa-Cilindrada e diz bastante sobre aquilo que era o conceito de produção de automóveis para particulares. O Syrena motorizou a Polónia socialista, foi o primeiro carro de imensas famílias e ficou imortalizado no cinema. Num mundo onde as bicicletas imperavam o pequeno Syrena foi a grande alegria de muitos. Um pequeno carro cheio de boas ideias. Tinha um motor a dois tempos, como um moto-cultivador, três cilindros (como agora é moda nos compactos) e tracção dianteira (o Mini só nos finais dos anos 50 massificou esse tipo de transmissão) o que permitia um aumento significativo do espaço para os passageiros. Chão revestido em borracha e volante em baquelite perfeitamente horizontal a par com dois enormes mostradores centrais Paliwo (combustível) e Woda (água) eram algumas das idiossincrasias do modelo polaco fabricado em Varsóvia.
Entretanto um dos legendários designers polacos, Cezary Nawrot, preparava um dos mais icónicos protótipos elaborados pela FSM, o Syrena Sport. Um pequeno roadster com uma carroçaria desportiva, típica da época e com um estilo que ficou popularizado por modelos ingleses como o Triumph Herald ou o Austin Healey Frogeye.
Quando o protótipo foi apresentado ao público, em 1960, as reações foram muito positivas. O Syrena Sport era um carro completamente diferente daquilo que circulava nas ruas e que estava disponível, em longas listas de espera, para o comum cidadão. A carroçaria em fibra-de-vidro, uma inovação para a época, estava pintada em vermelho e as rodas enfeitadas com embelezadores cromados. O motor passava a ter quatro cilindros ao contrário da versão sedan que tinha três e funcionava ruidosamente a dois tempos. A imprensa internacional especializada comentou a excentricidade vinda de um país do bloco soviético. Esta recepção dos entusiastas foi prontamente resfriada por o governo que não via com bons olhos a produção em massa de um desportivo num país socialista. Consta que um dos líderes na cúpula do sistema terá comentado que o que realmente importava era haver uma bicicleta para cada polaco e desse modo as ordens para cancelar o projecto do Syrena Sport. Levado para um recanto no armazém da FSO e apenas com 29.000 km o Sport ficou empoeirado e seria totalmente desmanchado em 1970.
Em breve aquilo que foi desfeito há 40 anos atrás vai ver a luz do dia e desse modo as escuras nuvens comunistas, que assombravam a história do automóvel polaco vão desaparecer. Afinal o Syrena Sport vai regressar às estradas polacas numa Polónia radicalmente diferente, transformada e onde um pequeno desportivo de dois lugares não ofende ninguém.
Quando o protótipo foi apresentado ao público, em 1960, as reações foram muito positivas. O Syrena Sport era um carro completamente diferente daquilo que circulava nas ruas e que estava disponível, em longas listas de espera, para o comum cidadão. A carroçaria em fibra-de-vidro, uma inovação para a época, estava pintada em vermelho e as rodas enfeitadas com embelezadores cromados. O motor passava a ter quatro cilindros ao contrário da versão sedan que tinha três e funcionava ruidosamente a dois tempos. A imprensa internacional especializada comentou a excentricidade vinda de um país do bloco soviético. Esta recepção dos entusiastas foi prontamente resfriada por o governo que não via com bons olhos a produção em massa de um desportivo num país socialista. Consta que um dos líderes na cúpula do sistema terá comentado que o que realmente importava era haver uma bicicleta para cada polaco e desse modo as ordens para cancelar o projecto do Syrena Sport. Levado para um recanto no armazém da FSO e apenas com 29.000 km o Sport ficou empoeirado e seria totalmente desmanchado em 1970.
Em breve aquilo que foi desfeito há 40 anos atrás vai ver a luz do dia e desse modo as escuras nuvens comunistas, que assombravam a história do automóvel polaco vão desaparecer. Afinal o Syrena Sport vai regressar às estradas polacas numa Polónia radicalmente diferente, transformada e onde um pequeno desportivo de dois lugares não ofende ninguém.
1 comentário:
Olá Ricardo:-)
Sempre apaixonado por carros...Muitos Parabéns nesta data que te é tão especial!!
Beijo grande e abraço forte,
FP
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