sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

O legado de Hitler na Polónia


 A Toca do Lobo ou Wolfsschanze em alemão é um dos muitos legados deixados pelos nazistas em território da República da Polónia. Em pleno século XXI, num país que cada vez mais se distancia da sua História recente e da imagem - colada em muitas mentes - de país-satélite da URSS - encontramos inúmeros vestígios de um dos períodos mais conturbados da nação polaca e do continente Europeu.

A Toca do Lobo na Voivodia de Vármia-Masúria (Województwo warmińsko-mazurskie) foi um dos principais quartéis-generais do III Reich. Construído no âmbito da invasão da URSS pela Alemanha (o infame e frustrado plano Barbarossa) fica localizado na densa floresta da Mazuria, entre lagos e vegetação cerrada. Outrora ficava na Prússia na região denominada de Rastenburg, hoje localiza-se na Polónia na região de Kętrzyn. As suas paredes de aço e betão armado, com dois metros de espessura, resistiram às incríveis cargas de dinamite na debandada dos nazistas, em 1945. A Toca do Lobo trata-se de um complexo militar com diversos sectores, servido por uma linha de caminhos de ferro e um pequeno aeródromo. O conforto dos oficiais do regime estava assegurado tendo inclusivamente uma sala de cinema e casino. No pico da sua existência estiveram 2000 pessoas a trabalhar no complexo.

Foi neste quartel que ocorreu o atentado falhado a Adolf Hitler em 20 de Julho de 1944. Uma maleta com explosivos, colocada debaixo de uma mesa por o Marechal de Campo Wilhelm Keitel, supostamente teria liquidado Hitler mas apenas lhe causou escoriações, um tímpano perfurado e uma calças esfarrapadas. De assinalar que no rescaldo do atentado foram presas mais de 7000 pessoas sendo a maioria delas condenada à morte. Num dos seus actos de raiva Hitler terá mandado enforcar publicamente, a jeito de exemplo, alguns dos principais cabecilhas do movimento que pretendiam um Golpe de Estado e o fim do III Reich. Em vez de uma corda foram usados cordas de piano para gáudio do ditador e repulsa da audiência.

Mais de 50.000 minas foram desactivadas no terreno contiguo ao complexo mas os trabalhos só seriam concluídos em 1955!

A Toca do Lobo - ou o que resta dela - pode ser visitada e tem um site onde se podem obter mais informações: http://www.wolfsschanze.pl/en/historia.html




A Sul, na Silésia, podemos visitar uma das mais intrigantes estruturas deixadas pelos nazistas, o complexo militar de Riese, no sopé dos Sudetas entre a Polónia e República Checa. Conhecida como a cidade subterrânea ligada por quilómetros de labirinticos túneis, construídos com mão de obra escrava dos prisioneiros de guerra e dos campos de concentração, teriam sido projectados para ser mais um dos quartéis de Hitler mas subsiste a ideia que seriam na realidade futuras fábricas de armamento subterrâneas.
A construção arrastou-se durante os anos de guerra e exigiu recursos económicos e humanos inimagináveis. Os túneis foram maioritariamente cavados em rocha e davam lugar a um carril de via estreita. Toneladas de betão e aço foram utilizados e recursos que poderiam ter sido usados para auxilio da população alemã na construção de abrigos para os bombardeamentos foram canalizados para esse verdadeiro Elefante Branco que nunca chegou a ter uso.


 Um dos mais intrigantes complexos do projecto Riese fica no Castelo de Kziąż, um monumento histórico de grande beleza, do século XIII, pertencente à nobreza da Boémia e cujos últimos proprietários foi a família Hochberg da Prússia. O castelo seria confiscado em 1941 a Hans Heinrich XV e à sua consorte, a Princesa Daisy, de Inglaterra. Os nazistas aproveitaram o castelo para construirem uma rede de túneis cujo acesso se faz por elevador ou escadas e que ainda hoje pode ser visitado. Infelizmente devido à construção dos túneis algumas divisões foram destruídas. No final da guerra o Exército Vermelho conquistaria o castelo apropriando-se dos valores que ali encontravam. 

A Toca do Lobo e o Projecto Reise são apenas uma amostra da presença do III Reich na Polónia e também parte do espólio herdado pela reformulação das fronteiras no pós-guerra.




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