Votos de Boas Festas (é facílimo de dizer em polaco 'Wesołych Świąt') para todos os que acompanham o blogue, amigos e familiares!
Aqui estamos com o Natal à porta num ano complicado onde a guerra, inflação (escreverei mais sobre isso no próximo post) e resquícios da pandemia continuam bem presentes. É difícil mas não impossível escrever sem mencionar este autêntico 'triunvirato' (guerra, doença e crise económica).
Os dilemas do queijo (e não só)
400 gramas de queijo fatiado Gouda ou Edam (esqueçam o flamengo que isso é lá em Portugal) nos supermercados Biedronka ou Lidl passaram a ter o preço de queijo gourmet sendo que o sabor e a qualidade do mesmo é relativa; podemos por exemplo cortar as fatias duas vezes para que pareça haver mais queijo e ao mesmo tempo comer menos de cada vez ou então pensar que se está a comer mais... A carne, peixe, legumes, frutas, massas, óleo alimentar estão 'pela hora da morte' e até o papel higiénico - esse ouro durante a pandemia! - subiu para níveis tais em que agora até limpar o rabo sai caro - desculpem o vernáculo meus caros leitores...
Sacudir a pistola até à última gota na bomba de gasolina (porque uma gota dá para 10 metros talvez) é cada vez mais visto e eu próprio admito que o faço sem qualquer desplante e com aquela satisfação de dever cumprido! Com a eletricidade, ao preço que está, talvez seja boa ideia o regresso aos candeeiros a azeite - apesar de esse também estar a um preço ridículo e, como tal, nem sequer seria viável como em 1922. Verdadeiros dilemas onde a expressão portuguesa "a necessidade aguça o engenho" faz cada vez mais sentido.
Na República da Polónia o aquecimento de muitos lares, sobretudo em áreas urbanas, é feito com água quente vinda das centrais chamadas de elektrociepłownia as quais geram electricidade pela combustão do carvão - abundante na região da Silésia e motivo pelo qual as ameaças russas a nível energético não tiveram muito impacto. Essa água, canalizada a temperaturas elevadíssimas, é utilizada em torneiras de água quente e nos aquecedores. Quem não tem aquecimento central tem lareira, salamandra ou caldeira e não é incomum nesta temporada as chaminés expelirem fumo negro ou branco que não fica nada a dever á eleição do Papa. Por vezes cheira a lenha, outras a pneu ou mesmo a lixo queimado. Existem leis para que não se queime lixo ou plásticos mas fazer cumprir a mesma é outra história...
Brincadeiras à parte vivemos no luxo e quando temos no país aqui ao lado mais de 10 milhões de lares sem energia eléctrica, sem gás, sem aquecimento com temperaturas negativas, sem água canalizada e uma população quase sem acesso a supermercados temos de parar para pensar e refletir como somos tantas vezes ingratos; parar para refletir nos queixumes que fazemos, muitas vezes só porque sim. Deveríamos, isso sim, apreciar e saborear aquilo que temos de bom na vida, na paz que usufruímos, na tecnologia que nos permite estar em contato e até ver todos os dias familiares a milhares de quilómetros, estar perto daqueles que amamos e que nos querem bem, em poder dormir tranquilamente com um aquecedor a irradiar calor enquanto lá fora cai neve.
E já que mencionei saborear mais acima o tal queijo fatiado não tem nem de perto nem de longe o sabor de uma bola de queijo Flamengo português. Ó saudade...
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