segunda-feira, 28 de abril de 2014

Os capitães América


É sabido que em 1939 quando a Alemanha invadiu a Polónia seguida pouco depois pela URSS que os polacos tinham esperança no auxílio dos ingleses e dos franceses para debelar o inimigo. As esperanças diluíram-se rapidamente perante a progressão da Wermacht, dos sovietes e a inércia dos Aliados. 75 anos depois, ainda que em circunstâncias completamente distintas, o pedido de auxilio polaco para mobilização de tropas estrangeiras foi aceite pelos EUA. 



Enquanto a Polónia devota e os media nacionais rejubilam com a canonização do Papa polaco Karol Wojtyła (João Paulo II) a Leste, na Ucrânia, as tensões com a Federação Russa e com os movimentos pró-Rússia escalam rapidamente perante a passividade da UE e a reacção contida da NATO que Vladimir Putin considerou publicamente, na TV russa, como um cancro em fase terminal... 

As tropas americanas do agrupamento aero-transportado 173 (173rd Airborne Brigade) encontram-se estacionadas na cidade de Świdwin no Báltico (Pomerânia Ocidental) a cerca de 120 quilómetros da fronteira com a Alemanha e a 230 quilómetros de Gdańsk. Vindos da base americana de Vicenza em Itália os americanos tencionam executar exercícios militares na Polónia mas também nos Estados bálticos da Estónia, Letónia e Lituânia que têm minorias russas e potencialmente são passiveis de protecção pelo exército da Federação Russa, tal como a Crimeia...

Chegada das tropas americanas à Polónia ao abrigo dos acordos com a NATO. Imagem picada do site da BBC NEWS

Para tranquilidade do ministro da defesa polaco e do governo polaco o embaixador dos EUA na Polónia, Stephen Mull, afirmou: "Os EUA têm uma obrigação solene, enquadrada na NATO, de garantir a nossa segurança à Polónia". 

Entretanto os "amargos de boca" entre os EUA e a Federação Russa aumentam de tom enquanto se registam invasões de espaço aéreo por caças russos desde a Ucrânia até ao Norte da Escócia passando pela Holanda e Escandinávia. Nas fronteiras entre a Ucrânia e a Federação Russa os movimentos de tropas de ambos os lados aumentam enquanto os insurgentes pró-Rússia invadem e desestabilizam o Leste da Ucrânia tomando edifícios públicos e envolvendo-se em confrontos com as tropas nacionais. Barack Obama afirma que a Rússia não levanta um dedo para resolver o conflito enquanto os russos por seu turno apontam o dedo aos americanos como os responsáveis pelo "show" e entre o vai-e-vem de palavras duras aventam-se sanções económicas como arma para refrear os russos das suas intenções humanitárias... Sensação de Déjà-vue? Certamente. Principalmente para quem viveu durante os anos de Guerra Fria. 

Possivelmente a solução para o conflito será o reconhecimento internacional da Crimeia como parte da Federação Russa e por consequência um precedente que se abre para futuras "acções de auxilio" às populações russófonas o que se torna delicado quando se enquadra nisto os três estados bálticos, Estónia, Letónia e Lituânia, membros da UE e da NATO. 

E para não variar, como sempre, a Polónia no centro do furacão... 









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