sexta-feira, 15 de março de 2013

Polónia avulso parte X



A herança judaica na Polónia

Hoje de manhã, durante uma caminhada na "ulica" Piotrkowska em Łódź, deparei-me com dois autocarros turísticos em frente ao conhecido Hotel Grand onde também encontramos o walk of fame de Łódź. A entrar nos ditos identifiquei turistas israelitas, perfeitamente reconhecíveis pelos rabinos e o seu solidéu a par com a bandeira de Israel. Como muitos outros vêm à Polónia visitar a terra dos seus ancestrais.

 In: http://www.jewish-heritage-europe.eu/ Reconstrução dos painéis em madeira da sinagoga de Gwozdzie pela equipe americano do Handshouse studio. http://www.handshouse.org/gwozdziec.html

Łódź, por exemplo, foi a cidade polaca com a maior comunidade judaica até ao eclodir da II Grande Guerra. As estatísticas demográficas contavam 3.3 milhões de judeus em território polaco antes do Holocausto. Durante a invasão alemã o objetivo era claro e é hoje em dia sobejamente conhecido, eliminar a raça judaica e tudo o que a sua cultura representava.
As sinagogas foram sistematicamente queimadas e demolidas durante a ocupação nazi e as casas, propriedades, fábricas, lojas, manufaturas, apartamentos e contas bancárias serviram para pagar o esforço de guerra, o ouro mudou de mãos e parte dele foi para Portugal. Muitos enriqueceram durante o conflito e hoje em dia restam importantes vestígios da influência judaica em inúmeras cidades polacas. É portanto natural que para os judeus atuais haja uma atração e também a necessidade de constatar in loco as suas raízes na Polónia.

Algumas obras de relevo relativamente ao património e herança judaicas na Polónia tem, ainda que timidamente, vindo a acontecer na Polónia democrática e membro da UE. Na capital da Polónia o futuro museu da História dos Judeus-Polacos vai contar com a reconstrução da cúpula em madeira de uma sinagoga da cidade de Gwozdziec (agora parte da Ucrânia) onde, de acordo com a arquiteta Maria Piechotka, se encontravam as mais magnificas sinagogas europeias. Construido com fundos privados no valor de 160 milhões de złoty (aproximadamente 39 milhões de euros) o futuro museu vai ser também um espaço cultural e educacional.

 O impacto desta obra é assinalável ainda para mais tendo em conta que durante o comunismo, no final dos anos 60, os judeus que sobreviveram e ficaram foram de novo o bode-espiratório para justificar os falhanços da República Popular da Polónia deixando inevitavelmente um sentimento anti-semita em parte da população polaca.

Do mesmo modo na cidade polaca de Płock inaugura-se o museu dos Judeus da Mazóvia (Muzeum Żydów Mazowieckich). Com a ajuda de fundos da UE procedeu-se à reconstrução da antiga sinagoga, incendiada pelos nazi, tendo como temas a diáspora judaica na Polónia, cultura, tradições e culinaria  e os anos trágicos do extermínio. 


Março, Marçagão. Manhãs de Inverno tardes de... Inverno 

O que vejo a partir da janela do local de trabalho a 15 de Março.


Apenas para desabafar com o leitor. Continua tudo para aqui cheio de neve e gelo. Os bombeiros já andam "à caça" das estalactites que pendem dos beirais dos telhados qual espada de Dâmocles para os transeuntes. O meu Picasso também faz jus ao pintor espanhol com as suas estalactites nos para-choques e na matrícula. No telemóvel espero sempre pela previsão da aplicação AccueWeather onde apareça o sol e não os floquinhos de neve a cair com a agradável notícia que durante a noite de hoje vão estar 9 graus negativos. Parece que sim, vamos ter sol a partir de amanhã mas com 0 graus e noites de -8. Até quando? Melhor não me queixar depois de um e-mail de um colega de trabalho na Finlândia a anunciar o recorde de -38 que se fizeram sentir na corrente semana.

Greetings from Finland, we had yesterday morning a record breaking -38,2 degrees in Finland so supposedly the winter will be long in Poland too :D*

Cumprimentos desde a Finlândia, ontem de manhã batemos o recorde de 38,2 graus negativos na Finlândia portanto supostamente o Inverno na Polónia vai ser longo também.

Ora bolas...

Murais e pinturas de outrora e de hoje





Tempos houve neste país em que se podiam pintar paredes alheias. Bem na verdade poucas coisas eram alheias pois a Polónia era comunista e o Estado era proprietário de quase tudo. As pinturas eram legalmente colocadas para anunciar as vantagens do sistema socialista no bem-estar do povo polaco. Um dos mais emblemáticos - e sobreviventes - fica na rua Trauguta (ainda vou falar mais sobre este rua em artigos próximos) e anunciava a cadeia de lojas PEWEX - ver artigo neste blogue aqui) com o seu sistema de "exportações internas"... Sim leu bem. Exportações internas! Um eufemismo para designar artigos de exportação possíveis de obter em dólares dos EUA. Mas aqui outra incongruência. Os dólares eram ilegais de obter e a moeda era, tal como hoje, o złoty.

Coisas do passado que as novas gerações de polacos não conhecem e ainda bem!

Em vez disso e excetuando os habituais gatafunhos ou "tags" e os impropérios dos fanáticos dos clubes de futebol podemos apreciar verdadeiras obras de arte nas paredes de velhos prédios e em muros, um pouco por todo o centro da velha cidade. 









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