domingo, 29 de julho de 2012

O elemento água em Uniejów

Torna-se difícil para quem tinha o mar e a praia a 25 quilómetros de casa viver numa cidade sem um rio, um lago ou oceano. Łódź - toca a bater no ceguinho novamente - não tem o elemento água presente nestas formas. Temos lagoas artificiais e afluentes dos grandes rios polacos que estão devidamente canalizados, correndo debaixo da velha e cinzenta urbe polaca entre canais esquecidos, tristes e insalubres. A Rewolucja Przemysłowa (Revolução Industrial) tratou de alterar a paisagem de forma, muito provavelmente, irreversível. Mas fora da zona urbana a história é outra...


Com o Mar Báltico a 400 quilómetros e a costa portuguesa a mais de 3000 há que procurar algum substituto para os dias livres de fim-de-semana e também que aproveitar o Verão polaco. Daqui a três meses estará tudo coberto de neve...

Há um ponto do alto do Monte do Facho em Vila Nova de Famalicão de onde, em dias solarengos, se vê o mar. Ao longe o Atlântico azul, a Póvoa de Varzim, Vila do Conde e o Mindelo.  Estes são os destinos escolhidos por muitos minhotos para as suas férias e idas à praia só porque sim. É refrescante, revigorante e belo. Na Polónia não há oceano, há um mar interior; o Mar Báltico - partilhado com os vizinhos alemães, as repúblicas bálticas, os escandinavos e os russos. O Báltico chegou a ser passagem das tropas suecas para invasões sangrentas e de conquista e o facto mais fantástico é que se fez a pé sem recurso a barcos. O Báltico congelava no Inverno e permitia a travessia através da sua calota de gelo. Este mar com uma média de profundidade de apenas 55 metros e um máximo de 459 metros é o destino de férias de muitos polacos e dizem que durante a época alta é de tal forma caro que se torna mais barato viajar de carro até à Croácia ou mesmo um last minute para a Tunísia ou Egipto.

A Polónia em si é eminentemente um país verde onde a água é abundante em imensos rios, afluentes e riachos que se encontram um pouco por toda a parte. Na Voivodia de Łódź encontram-se bastantes sendo o mais relevante o Pilica... não, não tem nada a ver com pilinhas, lê-se Pilitsa.

Foi no ensejo de retomar contacto com cursos de água que nos metemos à estrada para descobrir uma pequena vila polaca, a 50 quilómetros de Łódź, banhada pelo rio Warta e conhecida pelas suas fontes e termas. Chama-se Uniejów (lê-se Uniei-uv) e é conhecida pelas suas termas. Só recentemente e graças à iniciativa privada a pequena vila saiu do mapa. O complexo de piscinas e de termas de Uniejów proporciona banhos de água quente (por vezes escaldante!) e tratamentos a maleitas diversas desde problemas da vias respiratórias até problemas de pele e coluna. Na pequena praia fluvial junto ao complexo jorra água quente para o Warta fazendo um contraste chocante entre a água das profundezas da Terra e água fria do rio que corre desde as montanhas de Cracóvia até ao abraço com o Oder na fronteira com a Alemanha.

Nos dias de Verão enche-se de turistas e no preenchido parque de estacionamento as matriculas (as primeiras letras indicam a proveniência do veiculo) são de vários pontos da Polónia com especial incidência para Łódź, Rawa Mazowiecka, Aleksandrów Łódzkie e também alguns veículos vindos de Varsóvia. Reúnem-se famílias na pequena praia e nas piscinas onde um aqua park de pequenas dimensões vai alegrando o povo. Outros não tem pejo em retirar da bagageira um pequeno assador e grelhar as famosas kiełbasa (salsichas polacas) regadas, como não podia deixar de ser, com muita cerveja.

As fontes de Uniejów jorram água quente com um ligeiro odor a enxofre. Por este motivo gosta de se denominar com "cidade da água".


Paralelo aos banhos a pequena vila oferece alguns restaurantes de onde se pode ver o Warta, uma ponte que está enfeitada com vasos de coloridas flores, dois canhões de água (literalmente canhões mas com mangueiras dentro), a igreja local típica da Europa Central e um castelo polaco onde se pode subir à torre altaneira em caracol com o topo estreito e impróprio para claustrofóbicos mas dando acesso ao terraço de onde se obtém uma visão espectacular das redondezas. Diz a lenda que anda por lá um fantasma, a dama branca (Biala Dama) que em tempos deu a vida para salvar a vila. Uma estátua no jardim paralelo ao castelo rende-lhe homenagem.





Sem comentários: