Ele há coisas a que nunca nos habituamos, uma delas é precisamente beber chá às refeições como se fosse vinho, sumo ou água mas, por outro lado, não fará espécie aos polacos certas gentes que bebem um ou dois copos de vinho tinto às refeições? Certamente uma questão cultural como tantas outras, nesse caso não funciona comigo a aculturação e não consigo beber chá ao jantar ou ao almoço, ou entre duas sandes, ou com um iogurte e muito menos chá com mingau ou kasza gryczana como dizem os polacos - também não aprecio mingau de qualquer modo.
Os polacos menos acostumados a hábitos da Europa do Sul ou a hábitos de países produtores de vinho ficam surpreendidos quando lhes dizem que em muitas famílias portugueses o copo de vinho às refeições é quase uma tradição e que o "palhinhas" é um enorme garrafão de 5 litros que se pode comprar em qualquer cooperativa vinícola - o meu pai dizia sempre a piada que o palhinhas é a máquina fotográfica do turista português. Também tivemos um senhor, de ar severo e voz rachada, lá dos lados de Santa Comba Dão que dizia que beber vinho é dar pão a um milhão de portugueses. Abram-se então as garrafas e os palhinhas!
Outro pormenor curioso são os salamaleques dos polacos (educados) relativamente às mulheres. Dizem-me que são hábitos associados à relação próxima entre a Polónia e a França em tempos idos, o savoir-vivre, les maniérés, voilà monsieur! Trę Dupą Trotuar... (esta piada só para quem sabe polaco)
Um beijo na mão e um elogio ou um comentário mais ousado, abrir ou segurar uma porta para deixar passar uma senhora, distribuir a comida ou a fruta primeiro às senhoras e só depois aos cavalheiros, ajudarem-lhes a vestirem o casaco são um dos muitos gestos que distinguem o polaco burak ou wieśniak do polaco com maniérés e bien éduqué. Hábitos que se têm também vindo a perder em Portugal onde o português bem-educado que toca piano e fala francês tem vindo a dar lugar ao labrego ou ao indiferente. Na Polónia as mulheres, em muitos casos, ainda esperam tais comportamento e por vezes, com os estrangeiros, parecem ficar confundidas e desapontadas quando surgem situações diferentes ou quando a conta do jantar é paga a meias.
A propósito... houve um carro que tive em tempos em que abria sempre primeiro a porta do passageiro mas devia-se mais ao facto de só funcionar a fechadura do lado direito, de qualquer modo ficava bem para quem via...
1 comentário:
Tal e qual, a minha esposa polaca sempre achou estranha a minha falta de "etiqueta". Tudo o que descreves neste post é a mais absoluta das verdades :)
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