O telemóvel toca numa sexta-feira à tarde, no visor aparece um nome português; é o Nuno de Varsóvia. Sem perdermos muito tempo combina-se um encontro, o nosso "varsoviano" mais conhecido está de passagem por Łódź e é razão para mobilizar uma mão cheia de conterrâneos que por aqui se encontram.
Feitos uns telefonemas uns aprontam-se e outros desmarcam-se. No Sábado à tarde o encontro tem lugar no Centro Comercial Manufaktura, mesmo ali no coração da cidade de Łódź, a dois passos do palácio de Izrael Poznański, da Plac Wolnośći e da rua Piotrkowska. O tempo afigura-se instável - típico dos Junhos polacos: sol abrasador seguido de trovoada e cordões de chuva. Num momento estamos a transpirar e noutro a sentir frio. Nada que demova os veraneantes, não é por causa da chuva a cântaros que há pânico. Uns abrem os guarda-chuvas, outros apressam-se para encontrarem telhado e ainda há as belezas polacas que não parecem estar afectadas pela chuva. O Nuno brinca com o facto, aplaude e elogia em polaco uma loira que caminha tranquilamente junto aos repuxos (feitos por portugueses) da praça principal ao ar livre do centro comercial. A catraia sorri e segue o seu caminho.
No almoço, ainda antes de nos sentarmos na esplanada do restaurante The Mexican (onde as empregadas de mesa se vestem de señoritas e os empregados de qualquer coisa semelhante a um cowboy) encontramos duas brasileiras; a língua portuguesa é reconhecível a milhas mesmo que as pronuncias sejam separadas por mais de duzentos anos de História e um oceano.
Feitos uns telefonemas uns aprontam-se e outros desmarcam-se. No Sábado à tarde o encontro tem lugar no Centro Comercial Manufaktura, mesmo ali no coração da cidade de Łódź, a dois passos do palácio de Izrael Poznański, da Plac Wolnośći e da rua Piotrkowska. O tempo afigura-se instável - típico dos Junhos polacos: sol abrasador seguido de trovoada e cordões de chuva. Num momento estamos a transpirar e noutro a sentir frio. Nada que demova os veraneantes, não é por causa da chuva a cântaros que há pânico. Uns abrem os guarda-chuvas, outros apressam-se para encontrarem telhado e ainda há as belezas polacas que não parecem estar afectadas pela chuva. O Nuno brinca com o facto, aplaude e elogia em polaco uma loira que caminha tranquilamente junto aos repuxos (feitos por portugueses) da praça principal ao ar livre do centro comercial. A catraia sorri e segue o seu caminho.
A maior parte dos portugueses que aqui estão não ficam muito tempo ou pelo menos não esperam ficar. Uns vêm através das universidades, em intercâmbio, outros deslocalizados de empresas portuguesas, outros porque pura e simplesmente gostam da vida boémia que a Polónia pode proporcionar e ainda os que vieram para aqui porque assim o querem. A "malta" que se reúne não é selectiva, não é complicada nem envergonhada. Quem quer aparecer aparece, quem não quer, não quer. Contudo nem todos são assim; há aqueles que não lhes interessa minimamente contacto com conterrâneos no estrangeiro, os cagões que não se misturam com a plebe, os indiferentes e os que por algum motivo não gramam portugueses.
O tema portugueses no estrangeiro dá pano para mangas. Esquecemos facilmente aqueles regionalismos bacocos que inevitavelmente surgem quando estamos no rectângulo. Somos portugueses e só depois vem a pergunta da praxe - de onde és? No nosso pequeno grupo de Sábado tínhamos dois minhotos (para todos os efeitos considero-me minhoto mesmo que tenha nascido em Lisboa), um algarvio, dois beirões e um estremenho. As pronúncias variam, apesar da minha não ser muito notada a ponto de receber um - mas então onde está o teu sotaque? O estremenho nota-se de imediato e o dos beirões (um de Aveiro e outro do Porto) também; especialmente o do Porto, com aquela pronúncia típica que nos trás à memória o Futebol Clube do Porto, o Major Valentim Loureiro e Pinto da Costa. Os minhotos, para mal dos meus pecados, destravam demasiado o vernáculo, tornam-no num ponto final, num ponto de exclamação e num de interrogação, por vezes serve de vírgula...
Rimos-nos da rivalidade de dez quilómetros que separam os olhanenses dos farenses, as picardias entre famalicenses e trofenses, os ódios figadais entre vimaranenses e bracarenses e do ridículo que é alguns tripeiros chamarem os alfacinhas de "sulistas" quando a distância que separa o Porto de Lisboa é praticamente igual àquela que separa Faro da capital. Faltou um transmontano (havia um mas não pode vir), um alentejano e os insulares.
Na Polónia não se sentem tanto essas diferenças apesar dos tamanhos diferenciados dos dois países - 92.000 m2 de Portugal contra 312.000 km2. Os polacos do Sul, na fronteira com a Eslováquia e a República Checa, no sopé das montanhas Tatra falam um polaco diferente - o Góralski ou polaco das montanhas - e há ainda a minoria étnica chamada de Kaszuby, ali para os lados de Gdańsk e da fronteira com a Alemanha. O Kaszuby está para os polacos como os algarvios a falarem entre si estão para os portugueses...
E assim foi uma tarde bem passada, entre amena cavaqueira e canecas de Tyskie. Os shots de tequillagratuitos, servidos por uma simpática polaca de olhos verdes (que não estava vestida de señorita!), não foram tragados pelo vosso escriba. Bastou-lhe a cerveja e ainda para mais tinha de apanhar o eléctrico 11 para casa e passado umas horas entrar no turno da noite...
Rimos-nos da rivalidade de dez quilómetros que separam os olhanenses dos farenses, as picardias entre famalicenses e trofenses, os ódios figadais entre vimaranenses e bracarenses e do ridículo que é alguns tripeiros chamarem os alfacinhas de "sulistas" quando a distância que separa o Porto de Lisboa é praticamente igual àquela que separa Faro da capital. Faltou um transmontano (havia um mas não pode vir), um alentejano e os insulares.
Na Polónia não se sentem tanto essas diferenças apesar dos tamanhos diferenciados dos dois países - 92.000 m2 de Portugal contra 312.000 km2. Os polacos do Sul, na fronteira com a Eslováquia e a República Checa, no sopé das montanhas Tatra falam um polaco diferente - o Góralski ou polaco das montanhas - e há ainda a minoria étnica chamada de Kaszuby, ali para os lados de Gdańsk e da fronteira com a Alemanha. O Kaszuby está para os polacos como os algarvios a falarem entre si estão para os portugueses...
E assim foi uma tarde bem passada, entre amena cavaqueira e canecas de Tyskie. Os shots de tequilla
Cá estamos na Polónia; uns estão, uns gostariam de vir, outros vêm, outros saem. Portugueses na Polónia, já fomos menos...
2 comentários:
Pois é meu caro, só que os shots não foram de borla :b E vou colocar o teu artigo no meu blogue pá, não me parece que consiga escrever melhor que isso :)
Obrigado Pedro. Vou corrigir!
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