quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Quando o vento não sopra...




Durante a epopeia dos descobrimentos portugueses (provavelmente com o acordo ortográfico deveria dizer achamento...) os nossos heróis do mar receavam, para além do Adamastor de crespos cabelos e dentes amarelos, das tempestades e dos fogos de Santelmo, os momentos em que não soprava vento.
Quando atravessavam o Atlântico a caminho de terras de Vera Cruz ou o imenso Pacífico acontecia por vezes o pior; não soprar sequer uma aragem - ficarem na torreira do sol numa caravela pequena onde os víveres escasseavam e a água potável era pouca para as tripulações.

Assim tem acontecido com o meu blogue. Estou na torreira, a ouvir o ranger das cordas e das madeiras, sentido o salitre no rosto e esperando que o vento sopre novamente e me inspire.

Um fenómeno estranho talvez explique isto. Estou na Polónia, em pleno Dezembro, com temperaturas positivas - baixas mas positivas. Acordar de madrugada com 4 graus sem ter de raspar gelo do carro ou sacudir neve aos quilos parece surreal. Mas o Inverno está aqui, são os dias muito curtos onde às quatro da tarde já está praticamente de noite, os tectos de nuvens que tornam o céu uniforme e cinzento brilhante (o cacimbo como dizem em Angola) e um frio semelhante àquele que se sente quando estamos demasiado tempo na secção de congelados de um supermercado.


3 comentários:

Anónimo disse...

Continua a escrever. Tenho seguido o teu blogue já faz algum tempo. Sempre que posso dou uma espreitadela :)

Paulo Soska Oliveira disse...

Boa sorte com essa porra, amigo.
Um grande abraço

PM Misha disse...

e olha que este outono tem sido bastante ameno, pelo menos aqui em varsóvia. o ano passado, por altura do meu aniversário, chovia a potes e soprava um vento que cortava a medula. não sei como tem sido em lodz mas eu dou-me por contente.