Passar um Natal com crianças que ainda não se aperceberam da fabulação do Pai Natal é viver esta quadra na sua plenitude; difere radicalmente dos natais passados enquanto solteiro ou daqueles passados enquanto casal sem filhos.
Na casa dos meus pais sempre abrimos as prendas na manhã do dia 25 de Dezembro entre a ansiedade de saber o que estava no sapatinho e o Vasco Granja na RTP a falar sobre desenhos animados - alguns deles polacos. Agora passamos a abrir as prendas na noite de 24 para 25 de Dezembro. Este ano foi o meu filho mais velho - com três anos e meio - que foi o centro das atenções e com a vontade que ele estava de abrir as prendas que estavam na árvore de Natal portou-se como um anjinho e comeu a sopa toda.
A prenda oferecida pela avó e pela tia de Portugal - um piano grande - foi a pièce de résistance do Natal do Manuel. Acontece que o brinquedo, como quase todos os brinquedos nas lojas, foi fabricado na China e vinha com uma característica comum aos brinquedos fabricados nesses país; barulho, muito barulho emanado de uma pequena coluna que é capaz de fazer inveja às colunas de muitos carros citadinos como um Kia Picanto ou um Toyota Aygo.
Cerca das 10:30 e após muito cansaço o Manuel decidiu pendurar as chuteiras e foi dormir deixando-nos (a nós e aos vizinhos) com sons electrónicos a ecoarem na mente e a levarem-nos a termos, durante o sono, experiências quase psicadélicas - ao bom estilo hippy flower power dos anos 60...
O dia seguinte foi previsível. Um ensonado Manuel a mal tocar com os dedinhos dos pés no chão e a perguntar em polaco gdzie jest mój pianino? (onde está o meu piano?). As condições começavam a requerer a exigência de só se tocar o piano com o volume baixo mas as crianças sabem bem como dar a volta ao texto e para voltar a ter o volume no máximo nada como desligar e ligar o piano...
Como a necessidade aguça o engenho e os vizinhos já tocavam música alto para abafar o ruído comecei a pensar em modos de acabar com aquela orquestra maluca e vai daí que, aproveitando uma providencial sesta do petiz, abri o dito piano e estofei a coluna de algodão. Claro que o Manuel ao acordar estranhou o volume baixo do seu piano mas pelo menos podemos cantar "Noite feliz, noite de paz..."
Ah! Já me esquecia! Na Consoada acabei mesmo por fazer francesinha. O molho levou demasiado concentrado de tomate e não ficou 100% apurado mas deu para as despesas e caiu bem melhor que a kapusta z grochem e os pratos de peixe que os polacos tanto apreciam.
4 comentários:
Epá cheguei de Krakow na Quinta quase pelo almoço e não é que a minha sogra me deu essa tal galaretka. Não cheirava a peido mas isso é porque o meu olfato teima em melhorar... devo andar com sinosite aguda... sei lá.
Já agora bom ano para os Portugueses de Lodz
O que cheira a peidos é a kapusta zniczona (couve podre - por assim dizer) quando está armazenada em barril ou em balde. A galaretka não cheira mal mas - para mim - tem um aspecto repugnante.
Eheh, boa solução para resolver o barulho do gingarelho do petiz :).
couve com grão? porra...
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