segunda-feira, 20 de abril de 2009

Polak potrafi - Portugalczycy też... ou a lei do desenrasca....

Em Portugal, um fumeiro caseiro feito a partir de um estendal! Quem não tem cão...

Na Polónia um Fiat 126P não é apenas um automóvel, um 126 é uma ferramenta multi-usos

Desenrascanço faz falta no léxico inglês

por P.B.Hoje
'Site' de humor elegeu as 10 palavras estrangeiras mais fixes que fazem falta na língua inglesa e o famoso 'desenrascanço' português lidera.
O "desenrascanço" dos portugueses, ou a "capacidade de resolver problemas rapidamente e com poucos meios; desembaraço" (Dicionário da Língua Portuguesa de 2009), acaba de ser eleita a palavra que mais falta faz no léxico inglês.
A eleição, realizada pelo site norte-americano Cracked - auto- -intitula "o único site de humor e vídeos, desde 1958" -, resultou num top 10 das expressões de outras línguas que mais fazem falta à língua inglesa, em que "desenrascanço" lidera (ver tabela ao lado).
Ilustrada com o personagem da série de TV dos anos 80, MacGyver, um agente secreto que não usava armas e resolvia todos os problemas com engenhocas várias e com o seu canivete, o site dá exemplo da aplicação do "desenrascanço". A saber: "Quando se usa o cabide para apanhar as chaves do carro que caíram na retrete, ou um bigode arranjado de emergência com pêlos púbicos."
Curiosamente, o Cracked chega mesmo a dizer que são os próprios portugueses a elegê-la como parte integrante da sua cultura. "Enquanto a maioria de nós [americanos] defende o lema de escuteiro 'Be prepared' (prepara-te), e está sempre em dificuldades se não planeia a mais pequena coisa em antecipação, os valores dos portugueses são justamente o oposto", refere o site, acrescentando que esta capacidade de improviso é ensinada nas universidades e nas forças armadas. "Eles acreditam que esta habilidade de resolver situações de última hora com soluções de momento foi a chave da sobrevivência noutros países", nomeadamente na "construção do império que começava no Brasil e ia até às Filipinas". "F... preparation (preparação). Eles têm o desenrascanço", conclui o Cracked.


In: http://dn.sapo.pt/inicio/tv/interior.aspx?content_id=1206424&seccao=Media

Esta notícia fez-me lembrar de imediato a expressão polaca polak potrafi o que se traduz como "um polaco consegue", usa-se amiúde sempre que alguém consegue improvisar algo ou reparar alguma coisa com o que tem à mão.
Os portugueses chamam-lhe desenrascanço e são também mestres nesta arte milenar de fazer o impossível com nada.
Certo dia alguém me contou que nas OGMA (Oficinas Gerais de Material Aeronáutico) um engenheiro alemão não havia concertado certa parte da asa de um aparelho porque lhe faltava a ferramenta necessária para apertar determinado parafuso. O engenheiro português não está com meias medidas - agarra de um abre-cápsulas e aperta o dito parafuso.
Ao longo destes - daqui a pouco - dez anos que conheço a Polónia tenho visto inúmeros exemplos deste polak potrafi; desde o administrador de condomínio que, na falta de um limpa-neves, instala uma pá na frente de um velho Fiat 126P ou de um Fiat 125 até ao pensionista que consegue colar tudo em casa, desde o tabique na parede até aos óculos de massa que trás na cara.

Na Polónia nada se perde, tudo se transforma!

A minha sogra é um exemplo desta magnifica capacidade de improviso dos polacos. De início não compreendia o motivo pelo qual ela guardava quase tudo o que para mim era lixo mas tenho vindo a perceber esta quase tradição em não deitar nada fora.
Há sempre alguém que quer ficar com o motor daquele aspirador velho que ninguém usa desde a Primavera de Praga, os parafusos e ferragens daquele sofá que foi desmontado durante os Jogos Olímpicos de 1984 ou os boiões de vidro que são guardados para a Pani Urszula os encher de compotas ou kiszone ogórki.
Um dos meus vizinhos é estofador, muito bom estofador por sinal. Até há bem pouco tempo tinha uma pick-up FSO Polonez para carregar os seus sofás e cadeiras, esse Polonez praticamente já não tinha embaladeiras, completamente corroídas pela ferrugem, mas nada que um bom polaco não resolva! Cortam-se uns pedaços de plástico duro, martela-se o dito na embaladeira e... presto!

O meu pai ensinou-me alguma dessa arte e o carro que mantivemos durante mais de duas décadas - um Fiat 128 Sport Coupé de 1973 trazido de Angola - foi uma boa cobaia.
Como quase todos os Fiat da década de setenta, o nosso 128 Sport sofria do "Síndrome de Turim", ou seja, corrosão por todo o lado devido à falta de qualidade do aço italiano e tratamento anti-corrosão simbólico.
Com uma verdadeira paciência de chinês ele preparava massa de pedreiro num prato, compactava dez sacos plásticos do Inô ou do Mini-preço e enfiava-os pelos buracos da embaladeira com uma chave de fendas, depois enchia tudo com a massa e alisava bem alisado com uma espátula.
Quando estava tudo seco pintava com a tinta vermelha "Rosso Arancio" que havia sobrado da ultima reparação. A partir do momento que se tornou obrigatório fazer as IPO nos automóveis este método foi posto de parte, obviamente.

Anos mais tarde, quando o Fiat foi para a reforma, brincava com o meu pai dizendo-lhe que muitas vezes receei "arrear um estouro" com o Fiat e espalhar sacos plásticos na estrada! Havia de ser lindo ver um 128 capotado com sacos plásticos pendurados aqui e acolá mas na falta de um airbag...




Ó pa, segura-me car----- que isto é só apertar um parafuso!

1 comentário:

João Tavares disse...

Esta ultima foto esta de mais!! foi tirada em Portugal? demonstra mesmo a tal capacidade do "desenrasca" :D Como as vezes acontece naqueles almoços ou jantares onde aparence sempre mais 1 ou 2... ou até mais! e lá se terá de desenrascar qualquer coisita! lol