O feriado católico da Assunção de Maria é celebrado na Polónia com um duplo significado, religioso e militar. É o aniversário de um grande feito histórico na violenta e dolorosa História deste país da Europa Central; a Batalha de Varsóvia no Verão de 1920 que assinala uma vitoria memorável das forças polacas, com o herói Marechal Piłsudski no comando das tropas polacas, e uma derrota humilhante para o Exército Vermelho, liderado por uma conhecida personagem política, Leon Trotski.
Com uma História tão conturbada onde a identidade de uma nação foi sucessivamente desejada ser destruída por os seus vizinhos a Leste e a Oeste não é portanto de admirar a observação deste feriado com direito a parada militar em Varsóvia, cerimónia de agradecimento às forças armadas e homenagem ao soldado desconhecido.
Fonte: http://www.prezydent.pl/ |
É por vezes difícil, sobretudo para alguns estrangeiros mal informados, compreender o real significado deste dia. Pode parecer um exercício exacerbado de patriotismo com direito a presença do Presidente da Polónia, do Primeiro-Ministro e da maioria dos ministros do Sejm (Parlamento polaco), os quais observam do palanque o desfile de todos os ramos das Forças Armadas da Polónia, um espectáculo visualmente deslumbrante e impressionante da quinta maior força militar da UE. Com 42 caças F-16, outras centenas de aviões, helicópteros e mais de mil tanques entre outros milhares de blindados (incluindo o avançado PL-1) e um contingente de aproximadamente 100.000 militares treinados incluindo os temíveis operacionais do GROM.
Num discurso claramente anti-comunista, anti-soviético e pró-NATO o Presidente da República da Polónia, Andrzej Duda, sublinhou a importância deste na Aliança Atlântica e na defesa da Europa onde recordou a Batalha de Viena e outras tantas vitórias decisivas para a estabilidade no velho continente. Agradecendo ao militares em serviço e àqueles que deram a sua vida pela independência da Polónia o discurso mencionou ainda as Jornadas Internacionais da Juventude onde, de acordo com Andrzej Duda, a Polónia foi reconhecida pelos estrangeiros como um belo país [sic], e a Cimeira da NATO que assinala a consolidação da Polónia na sua ligação ao Ocidente e o distanciamento com o passado, não tão longínquo, com a Rússia e o sistema comunista-socialista do bloco-soviético que durou até 1989.
Na parada militar, onde "chuva de civil não molha militar", foram convidados operacionais aliados da Polónia e parte integrante do continente da NATO no território. Militares dos EUA, Roménia, Alemanha, Ucrânia e uma representação portuguesa (de acordo com a TVN) juntaram-se aos militares polacos perfazendo um total de cerca de 200 países.
Para completar - e finalizar - o evento o desfile "histórico" marcharam figurantes a cavalo com uniformes de outros séculos e no final uma reconstrução da força civil de reconstrução do país que basicamente erigiu Varsóvia das ruínas e do autentico cenário "lunar" do pós-guerra uma homenagem aos que pereceram no protesto de trabalhadores da fabrica H. Ciegelski em Poznań, corria o ano de 1956. Um dos primeiros protestos contra o governo-fantoche pró-sovietico. Ainda hoje não e possivel determinar o numero de vitimas - entre meia-centena a centena - incluindo um rapaz de 13 anos. Ler mais no Wikipedia.
Uma História distinta da nossa portuguesa, feita de grandes feitos como as descobertas (ainda que tenhamos o estigma da escravatura e colonização) e de batalhas de conquista com os sarracenos e castelhanos e mais recentemente a guerra colonial portuguesa ainda presente na memória colectiva.
Jeszcze Polska nie zgineła, Kiedy my żyjemy "A Polónia não desaparecerá, Enquanto nós vivermos", a primeira estrofe do hino nacional da Polónia neste dia festivo reveste-se de particular simbolismo. Os seus inimigos tentaram destruí-la mas nunca conseguiram, um mais do que razoável motivo para celebrar!
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