Parece ser opinião generalizada, pelo menos entre os emigrantes neste país, que parece não haver meio termo no que diz respeito à simpatia do povo polaco. Ou são pessoas com quem temos gosto em conviver e privar, que dão a camisa pelo amigo e lembram-se sempre de nós ou então uns carrancudos e mal-dispostos que nem um olhar dirigem quando por qualquer motivo nos cruzamos ou interagimos com eles. Obviamente que esse contacto ocorre mais frequentemente em locais públicos como supermercados, repartições e lojas.
Recentemente num dos mais populares clubes de Łódż, o Klub Czekolada, um grupo de compatriotas foi agredido pelos "gorilas" do referido espaço. Uma semana antes um estudante congolês de nome Christian M. havia sido espancado por um grupo de cinco covardes daqueles que na noite procuram activamente uma briga que culmine com murros e pontapés e preferencialmente com sangue. Ao pedir ajuda aos referidos "gorilas" a resposta que obteve Christian foi lacónica; Não protegemos macacos. Tout court...
Os nosso compatriotas levaram também o tratamento especial dos "gorilas" uma semana depois e uns comentários no mínimo paradoxais numa nação de emigrantes onde cerca de 300.000 estão emigrados no Reino Unido; Go to your country! (vão para o vosso país!). Nem as mulheres foram poupadas à brutalidade e à "vontadinha" de bater da alegada segurança do espaço lúdico... Ensanguentados e humilhados foram expulsos do referido espaço ao estilo de certos episódios racistas que já vimos em séries e filmes passados no Luisiana e no Mississipi com os Ku Kux Klan...
Apesar dos protestos e da página de indignação, criada e apoiada por polacos no Facebook, ninguém foi devidamente punido nem a presidente da cidade de Łódź se manifestou sobre o assunto do racismo na sua autarquia. Um problema que os negros e mestiços enfrentam e que não deveria existir numa Polónia integrada na UE e que se quer moderna e tolerante sem querer comparações com os problemas de racismo e xenofobia que a Leste, na Ucrânia, na Bielorrússia e na Federação Russa se sentem e acontecem com mais frequência, violência e impunidade.
E para finalizar fica o recado: Não, não regressamos nada ao nosso país porque suas excelências o querem e porque a concorrência é sempre um problema quando não temos tanto para oferecer... Regressamos, ficamos, mudamos quando bem nos apetecer. E quem não goste que vá dar uma... curva.
Caixa num supermercado Biedronka do Grupo Jerónimo Martins. Longe do arranjo, simpatia e disponibilidade do Pingo Doce em Portugal. Imagem picada daqui: http://www.panoramio.com/photo/39169837 |
Nos supermercados e repartições públicas o tratamento em geral é de indiferença, por vezes sem resposta a um simples dzień dobry (bom dia) ou do widzenia (adeus) com excepção de um ou outro individuo que se mostra mais simpático e comunicativo. Nada a que não nos habituemos e que não melhore à medida que se vai aprendendo polaco e desse modo interagindo mais com os nativos mas não esperem muitos salamaleques em restaurantes, cafés e no atendimento ao público em geral. E desengane-se quem pensar que o livro de reclamações, como os que temos em Portugal, ajudam em alguma coisa. Em teoria deve-se ter um disponível debaixo do balcão mas não passa disso, de uma mera formalidade desconhecida pelo grande público e sem uma fiscalização efectiva. Um ponto a rever no crescimento da Polónia e na sua cultura de trabalho e atendimento ao público.
No comércio automóvel onde impera a lei da selva e os importados da Alemanha e Holanda as garantias são no mínimo caricatas, a recordar os anos 80 e 90 em Portugal onde se dava a custo uma garantia de motor e caixa por três meses, seis meses, um ano e muito provavelmente um vai para a puta que te pariu quando efectivamente se reclamava por causa da correia de distribuição que partiu e gripou o motor naquele Renault 19 que até era de um médico e só rolava aos domingos para ir à missa ou em consultas de urgência...
A Polónia muda e evolui mas ainda há muita água a correr debaixo da ponte mas tal como diz o provérbio: Roma e Pavia...
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