Enquanto o mundo digitalizado comenta ad
nausea o novo James Dean da era da Internet, depois da trágica morte
do actor Paul Walker num Porsche, tal como a estrela do cinema dos anos 50, a
Polónia vive uma situação politica tempestuosa com a remodelação do governo de
Donald Tusk e a Ucrânia, mesmo aqui ao lado, vive momentos de grande agitação
perante o volte-face do Presidente Viktor
Yanukovych.
Manifestantes em Kiev abrem alas contra a policia de
choque usando uma escavadora. Somam-se os feridos de ambos os lados.
A Ucrânia parecia estar no trilho da União Europeia
até ao recente volte-face do seu Presidente. Um acordo de associação com a UE,
que seriam os primeiros passos para uma futura adesão, foi literalmente
cancelado por decisão presidencial deixando a situação politica do gigante
europeu fragilizada perante o descontentamento de muitos ucranianos que
prontamente se manifestaram.
A resposta de Yanukovych não se fez esperar e foi ao
estilo URSS com cargas policiais traiçoeiras (espancamento de manifestantes em
vigília) e detenções para estabelecimentos prisionais que, sabe-se, são
absolutamente inumanos, uma pesquisa no Youtube, por exemplo, revela o
tratamento dos detidos em prisões ucranianas ainda que muitos 0 mereçam...
A Polónia solidariza-se com os movimentos a favor de
uma aproximação da Ucrânia à Europa o que lhe convém por inúmeros motivos.
Ninguém quer voltar a ter mais uma fronteira com a Rússia, já basta aquela com
Kaliningrado. A questão ucraniana é complexa, envolve ligações e interesses
económicos com a Federação Russa e a velha contenda energética do gás e dos
gasodutos dos oligarcas da Gazprom, a industria do aço e acima de tudo um
compromisso entre os interesses da Ucrânia, da Federação Russa e da UE a par
com a questão, delicada no trato como a nitroglicerina, com a NATO.
Em tempos recentes foi parte da URSS e no Mar Negro
encontram-se ainda inúmeras bases militares soviéticas, uma desactivadas,
outras não, como tal o controlo deste mar e perda do mesmo para a NATO e UE, no
caso de uma Ucrânia verdadeiramente independente, sem a rédea-curta da Rússia,
não parece agradar a Moscovo e porventura não há moeda de troca possível. A
única solução possível é a de manter a todo custo, mesmo com recurso a
violência e opressão, um governo-fantoche e marionetas russas no poder servindo
os interesses das corporações de Leste que acima de tudo apenas vêem o seu
umbigo...
A Ucrânia tem de fazer uma escolha mantendo os braços
inteiros. Nem a UE, nem a Federação Russa podem puxar demais. Na falta de um
substituto para Yunakovich fica a esperança que o povo ucraniano, sacrificado
inúmeras vezes, possa, mais uma vez erguer-se e continuar de pé a sua caminhada
num amanhã melhor.
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