segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

E a Ucrânia aqui ao lado…


Enquanto o mundo digitalizado comenta ad nausea o novo James Dean da era da Internet, depois da trágica morte do actor Paul Walker num Porsche, tal como a estrela do cinema dos anos 50, a Polónia vive uma situação politica tempestuosa com a remodelação do governo de Donald Tusk e a Ucrânia, mesmo aqui ao lado, vive momentos de grande agitação perante o volte-face do Presidente Viktor Yanukovych. 

Manifestantes em Kiev abrem alas contra a policia de choque usando uma escavadora. Somam-se os feridos de ambos os lados.

A Ucrânia parecia estar no trilho da União Europeia até ao recente volte-face do seu Presidente. Um acordo de associação com a UE, que seriam os primeiros passos para uma futura adesão, foi literalmente cancelado por decisão presidencial deixando a situação politica do gigante europeu fragilizada perante o descontentamento de muitos ucranianos que prontamente se manifestaram.
A resposta de Yanukovych não se fez esperar e foi ao estilo URSS com cargas policiais traiçoeiras (espancamento de manifestantes em vigília) e detenções para estabelecimentos prisionais que, sabe-se, são absolutamente inumanos, uma pesquisa no Youtube, por exemplo, revela o tratamento dos detidos em prisões ucranianas ainda que muitos 0 mereçam...
A Polónia solidariza-se com os movimentos a favor de uma aproximação da Ucrânia à Europa o que lhe convém por inúmeros motivos. Ninguém quer voltar a ter mais uma fronteira com a Rússia, já basta aquela com Kaliningrado. A questão ucraniana é complexa, envolve ligações e interesses económicos com a Federação Russa e a velha contenda energética do gás e dos gasodutos dos oligarcas da Gazprom, a industria do aço e acima de tudo um compromisso entre os interesses da Ucrânia, da Federação Russa e da UE a par com a questão, delicada no trato como a nitroglicerina, com a NATO.
Em tempos recentes foi parte da URSS e no Mar Negro encontram-se ainda inúmeras bases militares soviéticas, uma desactivadas, outras não, como tal o controlo deste mar e perda do mesmo para a NATO e UE, no caso de uma Ucrânia verdadeiramente independente, sem a rédea-curta da Rússia, não parece agradar a Moscovo e porventura não há moeda de troca possível. A única solução possível é a de manter a todo custo, mesmo com recurso a violência e opressão, um governo-fantoche e marionetas russas no poder servindo os interesses das corporações de Leste que acima de tudo apenas vêem o seu umbigo...

A Ucrânia tem de fazer uma escolha mantendo os braços inteiros. Nem a UE, nem a Federação Russa podem puxar demais. Na falta de um substituto para Yunakovich fica a esperança que o povo ucraniano, sacrificado inúmeras vezes, possa, mais uma vez erguer-se e continuar de pé a sua caminhada num amanhã melhor.

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