sábado, 11 de maio de 2013

Polónia a vulso - Parte XI


Após um Inverno demorado que quase nos levou ao desespero chegou finalmente a Primavera ainda que mais preguiçosa do que nos anos anteriores. São este gritantes contrastes entre a invernia e o clima ameno da Primavera que nos fazem esquecer rapidamente aqueles dias frios e incómodos e os cenários brancos que para quem vive aqui passam a ser rotina. As folhas nas árvores, a chegada de aves migratórias como as andorinhas, as cegonhas e também os patos-bravos a par com os casais de namorados de mãos dadas e as polacas de saias anunciam os dias soalheiros intercalados com as habituais tempestades com trovoadas medonhas dignas da banda sonora de um filme de terror, a par com a chuva a cântaros seguida de dias de bonança. 


A diferença entre o fim do Inverno, o principio da Primavera e o mesmo local em Maio.

Do gelo e neve passamos para um cenário triste mas ao mesmo tempo renovador com neve derretida, água, lama, relva amarelada a reaparecer depois de meses escondida e montes de gelo sujo e enegrecido acumulado em montículos. Semanas depois o contraste absoluto; o verde luxuriante por todo o lado onde há terra fértil e muita areia e sal pelos passeios e bermas das estradas à espera dos varredores da câmara municipal.


Onde até há bem pouco tempo só se ouviam os corvos e o ruído preguiçoso dos motores de arranque dos automóveis em manhãs geladas surge o verde, o frenesim das crianças a brincar e dos adolescentes no campo de basquetebol nas traseiras do prédio. Uns jogam basquetebol, outros futebol no novo campo construido pelo governo de Donald Tusk, outros ainda namoram pelos bancos de jardim. Os automóveis, esses, arrancam de imediato e problemas quando muito só aqueles da corrosão provocada pelos meses de sal nas estradas.
Coisas do parque automóvel polaco

Suprimi a matricula do velho Triumph por razoes óbvias.

Para quem não sabe o carro em frente ao meu é um Triumph Acclaim HLS dos anos 80, fabricado no Reino Unido algures entre 1981 e 1984. Não esperava ver tal coisa na Polónia e duvido que estivessem à venda neste país. Muito provavelmente alguém o trouxe da Europa ocidental e ainda circula nele em pleno século XXI.

Foi o primeiro carro em que andei que tinha quatro vidros elétricos, espelhos reguláveis eletricamente, vidros verdes, estofos em veludo e outros pequenos luxos à inglesa. Pertencia ao meu vizinho, o Sr. Morgado, vendedor de móveis e cozinhas, tinha um comprado novinho em folha de cor branco pérola. Infelizmente acabou num muro num acidente pelas mãos do filho recém-encartado sem consequências trágicas mas com algumas dores para o condutor e ocupantes.

Considerado pelos adeptos da marca como um impuro - na realidade era um Honda Ballade vestido de smoking - foi o Canto de Cisne da marca e o principio do declínio da industria automóvel britânica. Curiosamente foi o Triumph mais fiável de sempre. Sayonara Triumph...     


Um comum Ford Mondeo MKII mas com uma nota de humor na tampa da mala, uma provocação num país com imensos católicos devotos e fervorosos.

O símbolo da cristandade, o peixe (há quem diga que na realidade é o olho da divindade egípcia Ra) é um adereço frequentemente visto nas tampas da mala de veículos polacos. Um autocolante que se pode comprar com uns trocos e que serve, em principio, para mostrar a fé do proprietário em Cristo enquanto serve também de amuleto contra acidentes de viação e outros percalços rodoviários.

O proprietário deste Ford foi mais longe e fritou o peixe numa frigideira o que merece uma fotografia para mais tarde recordar...





1 comentário:

Anónimo disse...

O teu poder de observação em tudo que diz respeito a carros continua intacto.Bj Linda