Nada como o EURO 2012 para divulgar a Polónia. A maior competição europeia de futebol foi motivo suficiente para que se queira saber mais sobre este país e as suas gentes tal como sobre a pequena comunidade portuguesa na Polónia - quase como os gauleses da aldeia de Astérix. Não cercados por romanos por todos os lados mas sim por polacos.
O jornalista português Filipe Gonçalves em Lizbona, algures na Polónia. |
Ao contrário de outros países europeus onde existem grandes comunidades portuguesas (França, Luxemburgo, Suíça, Inglaterra e Alemanha) na Polónia somos poucos em comparação, talvez por isso não tenha havido uma recepção oficial à nossa selecção com as tradicionais boas-vindas, os cachecóis e as bandeiras rubro e verde. Não, de facto os nossos atletas não a tiveram e porventura nem o esperavam. A Polónia é um país longínquo dito de Leste (por acaso é Europa Central) e ainda desconhecido para a maioria dos portugueses. No entanto e durante este Verão tenho lido reportagens e visto peças jornalísticas sobre o meu país de acolhimento. As perguntas não variam muito e há sempre curiosidade em saber o porque de nós, os emigrantes, escolhermos a Polónia.
Como se pode abandonar um país solarengo, as praias, a gastronomia e as raízes em favor de um país onde o sol geralmente brilha com menos esplendor e onde os Invernos são gélidos, nevados e com temperaturas que por vezes baixam dos -10? Pois bem, só encontro uma resposta. Porque gostamos disto. Quem não gosta da Polónia não fica, quem gosta já aqui está ou vai voltar. Ou gostam do país, ou das polacas, dos polacos ou da vida boémia que facilmente embrenha ate os mais tímidos e menos propensos. É a resposta do porque sim.
Há algum tempo atrás recebi uma mensagem do jornalista Filipe Gonçalves da SportTV. Pretendia saber mais sobre os emigrantes portugueses por estas paragens e como não lhe respondi a tempo fui apologético e troquei alguns e-mails. Fiquei a saber através do nosso jornalista como é a Lizbona que mencionei neste blogue há bastante tempo.
O nosso jornalista meteu-se a caminho ao volante de um Volvo, a partir do centro de estágios em Opalenica e passados 60 quilómetros desembocou não no Tejo ou no Rossio mas sim em Cascos de Rolha, na Polónia rural ou, como dizem os polacos, gdzie diabel mów dobranoc (onde o diabo diz boa noite). Bem, talvez uns dois quilómetros depois... Lizbona (Polska) é um lugarejo com uma casa habitada, um campo, uma família tímida e um Ford Fiesta dos anos 90 com os típicos sinais de corrosão que todos nós – que vivemos aqui – conhecemos de sobeja.
Ninguém sabe muito bem a origem do nome nem há perspectivas de que essa Lizbona venha a ter portugueses ou uma filial do grupo Jerónimo Martins ou Mota Engil. Quando muito poderá um dia vir a ser um curioso ponto de encontro para alguns dos lusitanos que por aqui andam... Li também a entrevista a alguns patrícios conhecidos como o Nuno Bernardes ao maisfutebol e o Gonçalo Avelino de Poznań. Da entrevista ao Nuno retiro o respectivo excerto, bastante esclarecedor e do qual partilho semelhante opinião:
Como se pode abandonar um país solarengo, as praias, a gastronomia e as raízes em favor de um país onde o sol geralmente brilha com menos esplendor e onde os Invernos são gélidos, nevados e com temperaturas que por vezes baixam dos -10? Pois bem, só encontro uma resposta. Porque gostamos disto. Quem não gosta da Polónia não fica, quem gosta já aqui está ou vai voltar. Ou gostam do país, ou das polacas, dos polacos ou da vida boémia que facilmente embrenha ate os mais tímidos e menos propensos. É a resposta do porque sim.
Há algum tempo atrás recebi uma mensagem do jornalista Filipe Gonçalves da SportTV. Pretendia saber mais sobre os emigrantes portugueses por estas paragens e como não lhe respondi a tempo fui apologético e troquei alguns e-mails. Fiquei a saber através do nosso jornalista como é a Lizbona que mencionei neste blogue há bastante tempo.
O nosso jornalista meteu-se a caminho ao volante de um Volvo, a partir do centro de estágios em Opalenica e passados 60 quilómetros desembocou não no Tejo ou no Rossio mas sim em Cascos de Rolha, na Polónia rural ou, como dizem os polacos, gdzie diabel mów dobranoc (onde o diabo diz boa noite). Bem, talvez uns dois quilómetros depois... Lizbona (Polska) é um lugarejo com uma casa habitada, um campo, uma família tímida e um Ford Fiesta dos anos 90 com os típicos sinais de corrosão que todos nós – que vivemos aqui – conhecemos de sobeja.
Ninguém sabe muito bem a origem do nome nem há perspectivas de que essa Lizbona venha a ter portugueses ou uma filial do grupo Jerónimo Martins ou Mota Engil. Quando muito poderá um dia vir a ser um curioso ponto de encontro para alguns dos lusitanos que por aqui andam... Li também a entrevista a alguns patrícios conhecidos como o Nuno Bernardes ao maisfutebol e o Gonçalo Avelino de Poznań. Da entrevista ao Nuno retiro o respectivo excerto, bastante esclarecedor e do qual partilho semelhante opinião:
“Temperaturas a rondar os dez graus, céu cinzento, chuva arreliadora. É difícil acreditar no que anuncia o calendário: o verão está a chegar à Polónia. Tudo o que rodeia a Seleção Nacional no Euro2012 é diametralmente oposto à histeria patriótica do Euro2004, do Mundial2006 (Alemanha), do Euro2008 (Suíça) e do Mundial2010 (África do Sul).
Há menos portugueses na Polónia do que nos países supracitados, há um menor apoio popular à Seleção Nacional.
Nuno Bernardes vive há quatro anos e meio em Varsóvia. É professor de línguas, um profundo estudioso do meio envolvente e explica um pouco da ligação entre os emigrantes lusos e a Polónia. O docente considera haver «três grupos de portugueses» no país co-organizador do Europeu.
«Há os quadros de empresas - Jerónimo Martins, Mota Engil e outras - que vivem num ambiente hermético e não se dão com ninguém», explica ao Maisfutebol. «Num segundo grupo coloco os que vivem na Polónia como viveriam em Lisboa. Vêm por motivos pessoais e integram-se facilmente», refere Nuno Bernardes.
O terceiro segmento é, porventura, o mais instável. «São os estudantes integrados no Programa Erasmus. Querem miúdas, copos e diversão. Habitam um núcleo muito específico, praticamente limitado aos outros estudantes».”
E também a entrevista ao Gonçalo que é um excelente exemplo de empreendedorismo português. O Avelino entrou no mercado imobiliário polaco sem ser conhecedor do idioma num mercado que difere radicalmente do português. Deixo-vos também a entrevista ao Record:
"A casa de um português em Poznan foi no domingo a "bancada" privilegiada para a vitória de Portugal frente à Holanda, na última jornada do Grupo B do Euro2012, que terminou com a confirmação da viagem a Varsóvia, na quinta-feira.
O agente imobiliário Gonçalo Avelino, há cinco anos na cidade polaca, recebeu na sua casa Júlio Duarte, que regressou há cinco dias a Poznan naquele que é o seu 13.º ano na Polónia, e selou a "promessa" de acompanhar a equipa das "quinas" no embate com a República Checa, nos quartos de final.
"A ambição é grande. Acredito que Portugal vai ganhar. Temos de ganhar, até porque já prometi ao meu amigo Júlio que vamos a Varsóvia ou a Gdansk. Eu não gosto muito da Grécia, são uma equipa chata, por isso prefiro a República Checa", disse Gonçalo Avelino, minutos antes do início do encontro. O amigo Júlio partilhava também a confiança, além do lugar na "bancada", admitiu que o jogo seria "difícil", mas antevia que o resultado se saldasse num triunfo confortável para Portugal.
"O melhor resultado seria 2-0. Portugal vai conseguir ganhar e, tenho a certeza absoluta, vai estar nos quartos de final", frisou o funcionário de uma empresa de distribuição, que logo lamentou ter errado o prognóstico, aos 12 minutos, assim que Van der Vaart marcou o primeiro golo do jogo.
Quase imediatamente, a Alemanha adiantou-se no marcador, no outro encontro do grupo, e, nem as perdidas de Cristiano Ronaldo e Hélder Postiga, desanimavam os dois portugueses, pelo menos, até ao golo dinamarquês. Cristiano Ronaldo, o "capitão" da seleção portuguesa, deu o empate, aos 28 minutos, e reforçou a convicção dos dois amigos, que chegaram ao intervalo com vontade de festejar o triunfo.
"O resultado assim está bem, mas eu não gosto de depender de outros, portanto temos de ganhar", frisou Gonçalo Avelino, enquanto o pequeno luso-polaco Tomás, com menos de dois anos, tentava partilhar a atenção do pai, até então apenas focado no jogo. Júlio Duarte disse esperar uma "segunda parte melhor que a primeira, com mais dois golos de Portugal", para conseguir um "conforto" no confronto com a Dinamarca, reiterando a confiança "no melhor do Mundo, que não vai desiludir".
E não desiludiu. Aos 74 minutos, Cristiano Ronaldo selou o triunfo português, depois de Nani ter despertado alguma tensão, ao permitir a defesa ao guarda-redes holandês, após assistência do avançado madeirense. Os dois amigos sorriam de satisfação, enquanto Júlio atendia com a expressão "Portugal allez, Portugal allez", tendo, num dos casos, feito o relato de uma ofensiva de Ronaldo no seu polaco, praticamente perfeito. A "festa" terminou cedo, por volta das 23:20 locais (22:20 em Lisboa) uma vez que na segunda-feira é dia de trabalho, e com a certeza de que na quinta-feira é dia de ir a Varsóvia apoiar a equipa das "quinas".
Foi deste modo que fiquei a saber que há pastéis de nata frescos na Polónia, originais com a receita portuguesa (aqui em Łódź só mesmo os congelados do Biedronka) e também que se canta o fado. Talvez esse seja o pormenor que prova a existência de uma comunidade ainda que dispersa. É tudo muito recente e estou convencido que em dez ou vinte anos vamos ter a presença lusa bem assinalada, a aculturação é sempre bilateral e do mesmo modo que vamos dando a saber dos polacos e da Polónia aos portugueses o mesmo esta a acontecer neste momento em Portugal.
Num momento em que a construção do grande projecto europeu se põe em causa vivenciamos uma Europa cada vez mais multicultural com os prós e os contras que acarreta. Tal como escreveu Luís de Camões estamos entre “gentes remotas” e a avaliar pelos luso-polacos que desde o principio do século XXI têm vindo a nascer ainda havemos de ter muitos portugueses com apelidos acabados em ski ou owski ou polacos com apelidos acabados em eira.
2 comentários:
Se quiseres diz-lhe que no dia do jogo vai haver uma concentração de portugueses na rua Nowy Świat por volta das 18:00 e dali vamos em cortejo para o estádio. Pelo caminho contamos apanhar o autocarro da Seleção para mostrar aos jogadores que não estão sozinhos na sua caminhada!
Se quiseres diz-lhe que vai haver uma concentração de portugueses na rua Nowy Świat por volta das 18:00 e que dali vamos sair em cortejo a pé para o estádio. Contamos apanhar o autocarro da Seleção no caminho para que eles vejam que não estão sozinhos na sua caminhada do Euro.
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