sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O Interlúdio

Um parque de estacionamento de um hipermercado com os infames montes de neve e gelo que as escavadoras deixaram. Estes Adamastores - sem crespos cabelos e sem dentes amarelos - fazem-nos companhia até o inicio da Primavera.
Como se fosse o interlúdio de um Inverno gelado vêm uns dias mais quentes (como quem diz)  que servem para descongelar e derreter parte da imensa quantidade de neve que se tem vindo a acumular de há dois meses a esta parte. Umas previsões meteorológicas extremamente optimistas davam, para este fim-de-semana, temperaturas de 12 graus positivos mas parece que se chegarmos aos 5 positivos será bom.

Entre dias a fio com temperaturas mínimas de -10 e máximas de -3 um interregno destes é sempre bem-vindo apesar do desconforto que traz consigo. Se por um lado a neve e o gelo sujo e acumulado vão derretendo, por outro fica tudo empapado, tudo escorre água e a neve velha - que entretanto virou gelo - vai-se despegando do asfalto, dos passeios, dos jardins, dos telhados e dos caminhos arrastando consigo os quilos de sal-gema que foram sendo despejados. Na Polónia quem tem vivendas com passeios junto a áreas pedonais tem obrigação de os manter limpos e seguros sob pena de coima (bastante elevada). Desse modo o sal corroí tudo; das solas dos sapatos ao chassis e carroçaria dos automóveis, até aos postes de electricidade, iluminação e de sinalização, paragens de autocarro, quiosques, caleiros, mobiliário urbano e o próprio cimento. Não é por acaso que nos deparamos frequentemente com passeios completamente deteriorados e passamos a constatar que um par de sapatos  ou botas que em Portugal duraria uns dois ou mesmo quatro anos chegam ao fim do Inverno com as solas bem gastas fruto da abrasão que o sal exerce em tudo. Na realidade nunca imaginei que um dia viria a considerar 1 grau positivo como confortável!


Para ajudar à festa os buracos nas estradas brotam como cogumelos, um fenómeno que se explica pela má qualidade do asfalto, má qualidade da obra e sobretudo por culpa do gelo que se forma em gretas e fissuras na estrada. Quando descongela levanta tudo e a passagem de centenas ou milhares de veículos assegura a remoção de boa parte do asfalto, da brita e areia. Por algum motivo umas das maiores despesas que temos com os carros na Polónia são nos elementos da direcção e suspensão, não há modo de evitar cair num buraco ou passar meia-dúzia deles, são coisas que fazem parte do viver na Polónia, comparações para quê? 



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