Polónia sem fumo e Portugal no seu pior

Hoje, 15 de Novembro de 2010, a Polónia passa a ser um dos países membros da UE com lei anti-tabaco. Para todos os efeitos a lei proíbe o tabaco em locais públicos, transportes e também em pubs, bares e estabelecimentos de diversão nocturna. A coima aplicada varia entre os 200 PLN (50€) para o prevaricador e os 2000 PLN (500€) PLN para os proprietários dos estabelecimentos. 

Pela parte que me toca não me sinto minimamente afectado, não sou fumador e como tal sofro com o maldito fumo e cheiro do cigarro. Para quem não é fumador o simples queimar de um cigarro – mesmo a uma distância considerável – sente-se imediatamente e invade tudo. A Polónia é um país de fumadores e sempre me pareceram em muito maior número do que em Portugal. 
Mesmo em hospitais públicos, por exemplo, sente-se amiúde o enjoativo cheiro do cigarro, por vezes impregnado e amarelecendo as paredes e as cortinas. Muito sinceramente não acredito na efectividade deste lei, aparte dos sinais de Zakas Palenia (Proibido Fumar). Os meus colegas de trabalho – a maioria fumadores – não parecem minimamente afectados e intimidados, apenas sorriem. Para eles é apenas mais uma lei para inglês ver, ninguém vai realmente obedecer e há sempre subterfúgios - não pode haver um policia por cidadão para fiscalizar. 

Esta lei já causou grande celeuma em Portugal; recordo-me  particularmente dos comentários de Miguel Sousa Tavares (um fumador inveterado) sobre aquilo que ficou conhecido como o “Fascismo Higiénico”. Para ele a diferença entre um cigarro e o fumo do escape de um autocarro urbano movido a gasóleo é igual ou pior que o fumo do cigarro. São opiniões; quase tão absurdas como aquela tirada de Macário Correia: “beijar uma mulher que fuma é a mesma coisa que lamber um cinzeiro”...

Portugal não costuma aparecer frequentemente nos media polacos. A comunidade portuguesa é pouco visível e os laços históricos entre os dois países são praticamente inexistentes. No entanto acabei por receber no comunicador interno da empresa uma mensagem do meu colega polaco Piotr. Era uma hiperligação para uma página online do diário Gazeta Wyborcza. A notícia sobre Portugal dizia respeito ao assassinato do violador de um burro (e de galinhas), algures numa aldeola portuguesa. Já conhecia a noticia porque isto da Internet e dos fóruns on-line que frequento – sobretudo o fórum da revista de automóveis AutoHoje – actualiza-nos de tal modo que muitas vezes sei mais sobre o que se passa em Portugal do que a minha família. Este tipo de situações sempre existiram mas tornaram-se mediáticas, o grande público parece gostar de ler sobre o bas-fond da sociedade e na Polónia uma noticia bizarra como esta causa alguma sensação, os resultados vêem-se na quantidade de comentários dos internautas polacos; uns irónicos, outros a comparar dizerem que na Polónia também acontece e um ou outro a criticarem Portugal como um país onde não há tolerância (sic)… 

A verdade é que o burro parece estar bem e de saúde e o seu dono foi ilibidado das acusações de homicídio depois da Policia Judiciaria ter estado em campo. Por vezes o velho provérbio não podia estar mais correcto. Vozes de burro não chegam ao céu...