quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Polónia avulso IV


fot. Janusz Kubik - Express Ilustrowany

Assassinato politico em Łódź

Ontem, dia 19 de Outubro, o escritório do partido PiS (Lei & Justiça) dos irmãos Kaczyński foi palco de um inesperado e violento ataque com arma de fogo. A história está bem descrita no blogue do Nuno Mó! Tá o frio em monte, deb.   
Os irmãos Kaczyński que em tempos roubaram a lua têm vindo a acumular amores e ódios dos polacos. A repentina morte do irmão de Jarosław (Lech Kaczyński) e de figuras de craveira  da ala conservadora  polaca, em Smoleńsk, impulsionou um partido que estava gradualmente a esmorecer e acabou por tornar o seu irmão gémeo - que praticamente vivia na sombra de Lech  e era frequentemente alvo de chacota - não um natural born lider mas sim um líder ao estilo pudim instantâneo. O estado de graça durou pouco tempo e assim que o luto nacional passou e a situação politica  na Polónia prosseguiu, sobretudo com a eleição de Komorowski, os velhos ódios de estimação reacenderam-se. 
O assassino era um comum taxista polaco, originário da cidade de Częstochowa, e tinha no bolso uma pistola de gás adaptada para disparar balas. Um tiro a queima-roupa tirou a vida a um membro do PiS com 62 anos (Mark Rosiak) e outro feriu gravemente outro com 39 anos (Paweł Kowalski). O criminoso terá gritado "morte a Kaczyński!" e foi visto, pouco antes do acto tresloucado, na rua Piotrkowska, em modos nervosos e a criticar amargamente o partido PiS. Seria detido pela Policia Municipal pouco depois.

Kaczyński e a ala dura conservadora designam o acto como uma "campanha de ódio" contra o PiS enquanto a oposição riposta classificando o discurso como aproveitamento politico de Jarosław Kaczyński e do PiS. Uma coisa é certa. Jarosław Kaczyński, nos dias que correm, não deve ter muita paz de espírito.

A mancha escura na esplanada 



O Nuno também escreveu um divertido artigo sobre isto no seu blogue mas não posso deixar de descrever a minha versão do rendez-vous de portugueses no centro comercial Manufaktura em Łódź. Não foi o primeiro encontro mas foi o primeiro em que conheci pessoalmente o Nuno e mais outros portugueses que vivem na Polónia. Realmente não é difícil encontrar portugueses numa mole de polacos Somos as cabeças mais escuras e os que falam mais alto sem que estejamos bêbados ou irados; somos naturalmente expansivos e o facto de encontrarmos compatriotas neste país improvável de emigrar é por si mesmo um momento de festa.

As experiências variam quase como os sotaques e o Nuno, vindo da capital da Polónia, tem um estilo de vida que em Łódź é possível mas talvez não seja tão interessante. Curiosamente nascemos no mesmo ano mas com um dia de diferença e, tirando as ditas características astrológicas, vivemos a Polónia de modo diferente. No meu caso uma família consolidada e em crescimento e do lado do Nuno aquele sabor a liberdade que os sagitários tanto apreciam (e precisam). Uma fonte de boa energia e de optimismo com sotaque do Algarve, deb! Os meus compatriotas em Łódź parecem estar a gostar da sua estadia  na cidade cinzenta, uns felizes com as suas polacas loirinhas e outros com objectivos mais profissionais sem descurar a componente "lúdica" que a vida nocturna de Łódź proporciona aos "tugas"...

Como diz o Nuno a Polónia não é para meninos e o frio que se aproxima a passos largos faz-nos sempre repensar duas vezes o que andamos aqui a fazer e esperando sobretudo a próxima Primavera como se o Inverno fosse uma espécie de calvário.

Os brutos e a porrada, são umas bestas...




 Frequentemente encontramos lojas dedicadas a esteróides. Uma prática comum em determinados círculos na Polónia que envolvem ginásios, musculação, porrada, violência, ódio e mania das grandezas. Uma industria para alimentar os muitos "armários" polacos de dois metros com olhos azuis e cabelo loiro rapado. São os feios, porcos e maus que não queremos nada com eles. Como me dizia um conterrâneo de Guimarães, no nosso encontro de Domingo, irmos a um ginásio com esses gorilas é sentirmos-nos uns autênticos lingrinhas. Muitos deles têm o culto ao corpo e ao músculo e são naturalmente altos e bem constituídos - o estilo eslavo. Nós, no nosso tipo latino, algo para o delicado e rechonchudo, por vezes pequeninos, ficamos algo desenquadrados, como um elemento de Picasso num quadro de Dali.
Disseram-me (amigos polacos) que alguns deles chegam a comer às colheradas, como se fosse Nestum com mel, essa ração para engorda, uns por desporto e outros para impressionar as dziewczyny (raparigas) do bairro ou mostrarem-se como o bad guy aos amigos. Este estilo suburbano costuma ser acompanhado por um BMW série 3 dos anos 90 preto com jantes especiais e vidros pretos que mais tarde  ou mais cedo vai acabar abraçado a um poste de electricidade algures numa avenida. Isto aliado a um certo "culto da porrada" e do boxe leva, de quando em vez, a cenas de pancadaria estilo farwest, onde mais vale sair de fininho e deixa-los a destilar ódio entre eles até que fiquem sem dentes. Nesse aspecto há que ter cuidado na Polónia, evitar conflitos desnecessários e zonas propensas a esse tipo de gente.













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