sábado, 10 de abril de 2010

O dia da morte de Lech Kaczyński 1949-2010

Lech Aleksander Kaczyński 8 de Junho 1949 – 10 Abril de 2010

Hoje, Sábado, 10 de Abril de 2010 morreu o presidente da Polónia, Lech Kaczyński. (leia-se Ka-tchins-ki) Fomos todos apanhados de surpresa por esta trágica notícia. Junto com Kaczyński morrem todos os passageiros do Tupolev da Força Aérea Polaca incluindo a primeira-dama Maria Kaczyńska e importantes oficiais do governo polaco desde membros do Sejm (Senado) a oficiais de alta patente das forças armadas, adidos culturais, secretários de estado, religiosos e um conhecido actor. O executivo foi em parte 'decapitado' neste acidente. Komorowski substitui temporariamente o presidente enquanto não se realizam novas eleições mas avizinha-se uma crise política nos próximos tempos.


Lech Kaczyńki e o Primeiro-Ministro de Portugal, José Sócrates, em 2007

Kaczyński e a sua comitiva tinham uma missão histórica a realizar, uma missão que tocava o âmago dos polacos, do seu orgulho e do seu patriotismo - empolado por uma História sangrenta, dramática e heróica. O objectivo era o reconhecer, por parte da Rússia, a autoria no Massacre de Katin em 1940-41 (amiúde tido como teoria da conspiração). O revisionismo da História da Rússia, sobretudo dos crimes Estalinistas, parece ter neste acontecimento um tom quase profético, há quem lhe chame a Maldição de Estaline.

O falecido presidente polaco pertencia à ala dura do cenário politico polaco. Conservador, de direita, ligado à religião Católica Apostólica Romana, renitente nas reformas impostas pela UE. Não admira pois que nos media da Polónia a Igreja apareça em segundo plano e a morte de Kaczyński venha a ter também uma grande ligação a esta religião - quase como se Kaczyński fosse um mártir.

18:00

Chove em Łódź. Aquele tipo de chuva intermitente tão típica da Primavera polaca. Passei em frente da igreja aqui da paróquia - igreja dedicada ao culto mariano com o nome 'Igreja de Nossa Senhora Rainha da Polónia'. Os sinos tocaram a repique numa coincidência com a missa de intenção de beatificação de Karol Wojtyła (João Paulo II) a tragédia de Smolensk e os 70 anos do massacre de Katin. As bandeiras vermelhas e brancas surgem  com uma faixa negra em varandas e em fachadas dos edifícios, o comércio amanhã estará fechado por respeito aos mortos.

Termina assim abruptamente o controverso executivo de Kaczyński. Ainda não se sabe se foi negligencia dos pilotos, o nevoeiro cerrado ou um atentado. Uma vez mais a Polónia aparece em primeira página pelos piores motivos e as coincidências históricas são por vezes surpreendentes. No dia em que se anunciava a celebração dos 70 anos do Massacre de Katin onde parte da elite intelectual, politica e militar polaca foi aniquilada a mando dos serviços secretos da URSS, acontece de novo, em território russo,  numa floresta, em Smolensk, a bordo de uma aeronave de fabrico soviético num momento de 'reconciliação' com a Rússia e com a História contemporânea uma nova tragédia que aniquila parte da elite polaca do século XXI se bem que em muito menor escala e em circunstâncias diferentes.

A chuva e o céu cinzento combinam na perfeição com o estado de espírito desta nação. Tal como diz a primeira estrofe do hino da Polónia (Mazurka de Dąbrowski): 

A Polónia não desaparecerá, Enquanto nós vivermos.








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