As circunstâncias de uma Europa dividida no pós-guerra levou a que os europeus soubessem pouco da História do seu próprio continente. Para todos os efeitos sabemos – ainda que poucos – que os portugueses, espanhóis, ingleses e os franceses tinham colónias e monarquias, o que foi a Idade Média e o Renascimento e que houve duas guerras mundiais que causaram uma divisão entre países que apoiavam regimes socialistas pró-sovieticos e outros que faziam parte da OTAN, logo pró-americanos.
A Batalha de Viena - Óleo de Franz Geffels (século XVI) no Historisches Museum der Stadt Wien - fonte Wikipedia
A Polónia é um país com uma História riquíssima com mais de 1000 anos, fundado no século X, cristão e católico desde as suas 'brumas da memória'. Os cavaleiros teutónicos (Templários) tiveram aqui uma vasta presença e ainda hoje podemos visitar alguns dos seus castelos e fortificações sobretudo a Norte e Noroeste nas margens do Vístula ou junto ao mar Báltico. Foram grandes vencedores mas finalmente derrotados em batalhas sangrentas com a nobreza polaca, a qual formou em tempos remotos um reino junto com a Lituânia sendo esta união recordada com nostalgia por os seus grandes poetas e escritores como Adam Mickiewicz na obra Pan Tadeusz – praticamente o equivalente ao nosso Os Lusíadas de Luís de Camões.
A época dourada do Império Polaco, que se estendia até ao território onde hoje se encontra a Bielorússia e a Ucrânia, culmina com a batalha de Viena onde o rei João Sobieski III e o seu exército derrotam o invasor Otomano às portas da capital da Áustria liberando a Europa do jugo dos sarracenos. Invadida pelos suecos quando o mar Báltico congelou durante Invernos com frio polar, permitindo a passagem das tropas, foi posteriormente dividida, invadida por russos, prussianos… A nação polaca subsistiu sempre mesmo tendo sido praticamente apagada do mapa.
A época dourada do Império Polaco, que se estendia até ao território onde hoje se encontra a Bielorússia e a Ucrânia, culmina com a batalha de Viena onde o rei João Sobieski III e o seu exército derrotam o invasor Otomano às portas da capital da Áustria liberando a Europa do jugo dos sarracenos. Invadida pelos suecos quando o mar Báltico congelou durante Invernos com frio polar, permitindo a passagem das tropas, foi posteriormente dividida, invadida por russos, prussianos… A nação polaca subsistiu sempre mesmo tendo sido praticamente apagada do mapa.
Um dos grandes monumentos da monarquia polaca fica na belíssima cidade de Cracóvia, no topo de uma colina – o Castelo Real de Wawel com a sua arquitectura Gótica, banhado pelo Vístula e a olhar a cidade desde tempos quase imemoriais. Enfrentando as agruras dos séculos, invasões, incêndios, destruições e renovações o castelo conta-nos histórias e é hoje em dia património mundial, residência oficial do presidente da República da Polónia e lugar onde se encontram os restos mortais dos heróis e nobreza da nação. Wawel pode comparar-se em parte ao castelo de Guimarães ou mesmo ao Mosteiro dos Jerónimos.
Esta breve resenha histórica da História da Polónia serve para que o leitor possa entender algo inusitado que se está a passar num momento em que este país atravessa uma das maiores crises institucionais de sempre e ainda tenta compreender o sentido do desastre aéreo de Sábado passado. Lech Kaczyński e Maria Kaczyńska ficarão lado a lado numa cripta, em túmulos feitos com mármore de Carrara, no castelo de Wawel. A polémica estalou quase imediatamente a partir do momento em que a notícia foi ventilada nos media polacos. Blogues, grupos de protesto no Facebook, manifestações de rua e opiniões de intelectuais e historiadores entre muitos outros membros da sociedade polaca são contra esta decisão que, aparentemente, foi tomada pela família Kaczyński com o consentimento do prelado de Cracóvia.
Este acontecimento vai ser mediático apesar das inesperadas restrições no espaço aéreo europeu devido à erupção de um vulcão (com um nome intragável) na Islândia. O presidente dos EUA afigura-se como uma das presenças mais importantes no funeral do casal Kaczyński a par com o homólogo Medvedev que aterra na Polónia depois de algo que praticamente passou despercebido entre o rescaldo do acidente do Tupolev, a travessia dos caixões com as vítimas pelas ruas de Varsóvia e os milhares de flores e velas acendidas em memória dos falecidos. A Federação Russa fez finalmente o mea culpa e admitiu a responsabilidade da Rússia nos massacres de Katiń bem como responsabilidades no desastre. Os crimes Estalinistas do NKVD, tidos como teoria da conspiração durante mais de 50 anos, são agora um facto indesmentível. Curiosamente (ou não) quem é ilibado deste reescrever da História são os Nazi.
O nosso presidente Aníbal Cavaco Silva não vai estar presente na cerimónia apesar de estar muito próximo da Polónia em visita de estado à Republica Checa. Lamento o sucedido e estou convencido que devem haver razões que justifiquem este faux pas do nosso presidente ou da Polónia.
Kaczyński, tido por muitos como um homem simples, politico mediano e presidente sem grande relevo face a um Lech Wałęsa ou Popiełuszku ganha um lugar na História ficando lado a lado com grandes vultos do país. Um plebeu entre nobres, doa a quem doer!
2 comentários:
Ricardo, um colega polaco aqui em Kraków disse-me que o Arcebispo da cidade é que sugeriu o enterro no nobre Wawel à família do defunto Presidente.
Como não sou Polaco não meto na questão mas se o Castelo recolhe restos mortais de heróis daí estranhar um pouco a situação. Tenho para mim que a Igreja é quase quem manda na Polónia e daí toda esta questão. Como Português lamento a não presença de Cavaco Silva no funeral.
Já agora os Lusíadas polaco também é nome de vodka. Há uns meses em conjunto com um amigo de Portugal foi-nos oferecido um shot de Pan Tadeusz.
Entre o Castelo de Guimarães e o Mosteiro dos Jerónimos, eu escolhia o segundo...O Castelo é local de prostituição não aconselhável...
Mas se fosse para mim, escolhia o Palácio da Pena, em Sintra.
Não te rales c o Cavaco - está com medo do vulcão.
Inês PL
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