Este blogue não tem - nunca teve - qualquer cariz político nem o seu autor gosta de discutir política ou faz parte de algum dos partidos políticos nacionais no entanto, face aos ventos ciclónicos que sopram em Portugal, não poderia deixar de comentar este momento que, de uma maneira ou de outra, nos toca a nós portugueses.
O 25 de Abril deu-se há 35 anos. Isso é muito tempo! Em 35 anos tivemos algumas quedas de governos, demissões, assassinatos (acidentes?), moções de censura, crises, abandonos, políticos que fizeram história e outros que ninguém se lembra. A recente democracia portuguesa começou num caldeirão político com o fim abrupto do Estado Novo e do império colonial e foi avançando com a consolidação de poderes nos bastidores que vão desde as Maçonarias e as suas guerras intestinas passando pela Opus Dei e a Igreja Católica até aos grupos económicos e "mandas-chuva" como Belmiro de Azevedo, Jardim Gonçalves e outros. A estes poderes juntam-se outros que são denominados de "aparelhos partidários". Um aparelho... como se fosse uma máquina bem oleada que se pode pilotar e dirigir como mais convém, onde impera um eufemismo chamado de disciplina partidária...
José Sócrates Pinto de Sousa, o actual primeiro-ministro de Portugal legitimamente eleito tem tido azar com alguns jornalistas que, alegadamente, sendo de direita pretendem decapitá-lo e desfazer o seu governo e o Partido Socialista. Portanto tudo isto parece tratar-se de uma guerra entre a esquerda e a direita pelo controlo dos media e da informação sendo difícil de descortinar quem é quem e a que partido (ou ideologia politica) pertencem.
O primeiro-ministro José Sócrates deve ser dos poucos que se pode gabar de ser tão amado e odiado. Amado porque foi reeleito e continua a ter uma legião de aduladores pouco tolerantes a criticas e que insistem nas competências e na obra feita do ministro independentemente das notícias que se vão apurando e dos escândalos que se amontoam. Para estes trata-se tudo de especulação, de jornalismo de terceira categoria e de paus mandados dos partidos de direita que se deviam submeter apenas aquilo que os tribunais e a Procuradoria Geral da República vão ventilando na comunicação social. A verdade está sempre no meio, diz-se e, no meio disto tudo, Portugal já foi ultrapassado por alguns dos países da Europa a 25 e tem de prestar contas a Bruxelas pois mais de 20 anos de adesão compreendem responsabilidades acrescidas.
Recentemente li (não me recordo onde) que a vaga de emigração portuguesa na última década foi superior à vaga de emigração na altura do "salto" com a diferença da qualidade dos emigrantes - uma grande parte deles com formação superior. Portanto, para além da crise politica e económica temos uma debandada e ninguém parece estar muito preocupado com isso, talvez sejam convenientes os depósitos dos emigrantes que ajudaram a segurar o leme do país durante décadas ou são menos uns milhares a reclamar subsídios à Segurança Social.
Recentemente li (não me recordo onde) que a vaga de emigração portuguesa na última década foi superior à vaga de emigração na altura do "salto" com a diferença da qualidade dos emigrantes - uma grande parte deles com formação superior. Portanto, para além da crise politica e económica temos uma debandada e ninguém parece estar muito preocupado com isso, talvez sejam convenientes os depósitos dos emigrantes que ajudaram a segurar o leme do país durante décadas ou são menos uns milhares a reclamar subsídios à Segurança Social.
Na realidade ninguém está verdadeiramente preocupado com a eventual saída de José Sócrates do governo. Os portugueses, parece-me, resignaram-se e limitam-se a ver a caravana passar, ninguém ladra mais. Ficamos afónicos.
Por vezes sabe bem estar longe disso tudo...
Por vezes sabe bem estar longe disso tudo...
4 comentários:
Na verdade, julgo que ninguém tem números dos portugueses que bazam de Portugal à procura de trabalho. A notícia que surgiu há umas quantas semanas era apenas um palpite, porque para variar, os portugueses não se dão bem com números e estatísticas.
Sobre polvo e afins, o que acho surpreendente é que muitas pessoas ainda se surpreendam com estas notícias. Estas noticias recentes do SOL em nada afectaram a minha impressão sobre o chefe.
O que surpreende não são as notícias. Essas dão-nos inevitavelmente uma sensação de deja-vue. O que surpreende é a lata do executivo em fazer-se de vítima e pedir uma moção de censura - ao estilo de forcados amadores a provocarem o touro.
Direira ou esquerda qual deles nos vai mais ao bolso. Estamos fartos de ter pessoas reles na politica essa e a verdade. Sao uma vergonha e mais nao passam de comerciantes que so olham aos seus interesses.
O 25 de Abril "dá-se" todos os anos...
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