segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Foi-se o guarda-chuva polaco



O presidente Kaczyński explica a importância do sistema anti-míssil (tarcza antyrakietowa) na Polónia...

Pairava no ar a ameaça nuclear. A Polónia e a República Checa tinham-se atrevido a desafiar o outrora aliado soviético, o Grande Irmão - chapadas na cara do Kremlin, 20 anos depois do divórcio, tinham de ser retribuídas com mão pesada, sem piedade, à boa maneira russa.
Os russos disseram-no abertamente. No caso da Polónia e da República Checa instalarem um sistema anti-míssil norte-americano no seu território estariam sujeitos a serem atacados com misseis nucleares, o Kremlim apontaria de imediato ogivas nucleares em direcção a Polónia e à República Checa, o enclave de Kaliningrad seria a plataforma ideal para terem os polacos de rédea curta. 
O presidente polaco Lech Kaczyński não cedeu às ameaças de Moscovo, as negociações com o então presidente George Bush e as contrapartidas dadas pelo Pentágono (instalação de uma fábrica de material aeronáutico na Polónia) estavam alinhavadas. As negociações e expropriações de terrenos eram discutidas em acessos debates com os proprietários rurais com direito a transmissão televisiva. 
O escudo anti-míssil serviria para defender o Ocidente de alegados ataques nucleares por parte de países como o Irão e do "eixo do mal" mas com a eleição de Barak Obama o complexo plano do Pentágono foi repentinamente cancelado, na realidade souberam primeiro os jornais americanos do que Varsóvia e Praga. A Polónia e a República Checa não irão ter nenhum "guarda-chuva" norte-americano - o  novo sistema será "flexível" e prevê o recurso a plataformas em navios de guerra e instalação do radar de detecção no Cáucaso.  

O desejo polaco de se impor ao Kremlin e ser uma referência na Europa Central de Leste e, ao mesmo tempo, sair da esfera de influência "Russo-Putina" foi defraudado; para o complexo militar polaco foi nitidamente um passo atrás, tiraram o pirolito à Polónia antes de ela o poder provar mas provavelmente foi apenas um adiar de uma decisão inevitável. 
A Polónia foi sacrificada em inúmeras ocasiões, dividida, arrasada. Foi aliada das tropas de Napoleão sem ter recebido de facto nada em troca, foi aliada da URSS e perdeu a sua liberdade durante mais de 40 anos, agora volta-se de novo para o Ocidente e perde a oportunidade de se impor perante o mundo. 
Recentemente foram tornados públicos documentos dos tempos da guerra fria que revelam planos da URSS para atacar a Europa Ocidental em  caso de um ataque da OTAN. Bruxelas, Bona e a Holanda eram alguns dos alvos preferenciais da URSS mas o mais interessante era o sacrifício da Polónia e dos polacos nos primeiros momentos de um conflito. A Polónia seria o palco das primeiras batalhas entre os beligerantes e com muita probabilidade seria devastada pelos primeiros misseis nucleares da OTAN a retaliaram contra a URSS.



Inevitavelmente - sempre - a Polónia no fio da navalha...


2 comentários:

Ryan disse...

Para nós portugueses que estamos por cá eu direi ainda bem que isso já era... Mas de outro lado acho que só faria bem à America se opor desta forma ao poderia russo. Vejamos e relembre-mo-nos que um dia destes podemos ter uma demonstração de força qualquer por parte da Rússia.

transparenciaspessoais disse...

Ola. peço desculpa incomodar mas gostaria de ter o seu email para poder oferecer-lhe uma oportunidade de negocio na Polonia,o sector e automovel e se fala polaco provavelmente podera estar interessado. Caso esteja por favor contacte-me atraves do email xana.transparencias@gmail.com