18 de Setembro de 2001
Depois de mais de duas horas de comboio PKP desaguamos numa estação ainda pior que Warszawa Centralna; estávamos em Łódź Fabryczna.
Os primeiros dias foram complicados. A residência para estudantes onde ficamos era um ex-quartel, pintado em tintas plásticas grossas, o quarto cheirava a chulé e a residência era o local onde viviam muitos polacos na sua maioria antipáticos e ciumentos. Foi nessa residência que comecei a constatar como alguns deles marcam o território sempre que se sentem ameaçados na sua "machidade" (como diz o Zézé Camarinha)... põem a mão no rabo da sua menina e olham de lado como quem diz "é meu!!!" OK... Com certeza que os portugueses residentes, melhor que do que ninguém, sabem ao que me refiro...
E assim tudo começou; foram-se os anéis e ficaram os dedos, surgiram novos amores, houveram desgostos e grandes alegrias, projectos que falharam e outros que resultaram mas sobretudo foi o inicio de uma aventura que ainda dura com um casamento pelo meio, um filhote e outro que está para chegar em Janeiro, todos eles fruto de uma bem sucedida joint-venture luso-polaca.
Este é o meu blogue que estava adiado há muito tempo. Entretanto surgiram outros emigrantes como eu, novos blogues nasceram entre os quais os inspiradores Divina Polónia, o blogue do Misha e o do Rui Vilela, entre outros.
Zapraszam wszystkich!
Foi um dia inesquecível.
As emoções estavam à flor da pele. Para trás ficava um namoro "mal-acabado" de seis anos e meio, os pais, os recentes acontecimentos do 11 de Setembro de 2001, a universidade e os "cadeirões" que me tinham levado a atirar-me de cabeça para um Erasmus na Polónia, na cidade de Łódź - o que para mim soava a algo como "Uje" - e um país muito frio e completamente desconhecido mas o espírito de aventura e a Polónia chamavam-me.
Comigo, além de uma mala cheia de sonhos, ia um amigo, o Luís S. (que acabou mais tarde por viver na Polónia tal como eu) e a Nanita, uma colega da universidade que deve ser das portuguesas menos típicas que já conheci.
O avião que nos levou era um Airbus da Air France que aterrou em Varsóvia já de noite; pouco antes de aterrar espreitei pela janela e pensei se naquele país que sobrevoava não estaria alguém especial, a minha verdadeira cara-metade. Pelos vistos não era apenas um pensamento solto, era uma mesmo uma premonição!
O primeiro carro que vi, ainda no ar, era um minúsculo Fiat 126 amarelo torrado numa estrada solitária. Pouco depois aterrávamos no aeroporto de Varsóvia com a sua placa a letras vermelhas WARSZAWA. Naquela altura ainda estava por remodelar e muito diferente do Okęcie dos dias de hoje. Ao sair do avião senti no rosto a diferença de temperatura enquanto observava atentamente o aspecto algo antiquado do aeroporto e uma mulher-policia alta e bonita. Já tinha sido avisado por colegas da universidade que na Polónia era só "gajas boas", o aviso havia sido feito por um colega meu, em frente da então namorada: - Vais para a Polónia? Xii... nem sabes no que te vais meter! As mulheres são do melhor... têm uns olhos que parecem de gato!
Pelos vistos esperavam-me mulheres altas com atributos e pormenores que não interessa desenvolver num blogue... claro que ele nem imaginava que a rapariga que me acompanhava era minha namorada e por sinal bastante ciumenta!
Para entrarmos de pé direito fomos prontamente dirigidos, por um simpático senhor, para um Mercedes W124 cor de vinho que aparentemente era um táxi... depois de percorrermos as avenidas de Varsóvia na procura de um hotel decente, fomos despejados numa pensão sem nos livrarmos de pagar "a andred złoty" pela corrida. Dormimos os três num quarto onde não percebia rigorosamente nada do que passava na televisão mas que pelo logótipo parecia ser o Big Brother.
Na manhã seguinte foi o acordar para a realidade pura e dura da język polski... ninguém na pensão falava inglês, francês ou espanhol. Tive de desenhar um pão e um pacote de manteiga para me fazer entender! Aprendi rapidamente que pão diz-se chleb e manteiga masło .. nesse pequeno almoço não só tive o pão e a manteiga como ainda disseram "artysta" quando viram o meu desenho! Menos mal que sabiam o que era coffee...
E assim fomos para Warszawa Centralna, esse mausoléu da PRL (Polska Rzeczpospolita Ludowa) ou República Popular da Polónia para apanharmos o comboio para Łódź.
As emoções estavam à flor da pele. Para trás ficava um namoro "mal-acabado" de seis anos e meio, os pais, os recentes acontecimentos do 11 de Setembro de 2001, a universidade e os "cadeirões" que me tinham levado a atirar-me de cabeça para um Erasmus na Polónia, na cidade de Łódź - o que para mim soava a algo como "Uje" - e um país muito frio e completamente desconhecido mas o espírito de aventura e a Polónia chamavam-me.
Comigo, além de uma mala cheia de sonhos, ia um amigo, o Luís S. (que acabou mais tarde por viver na Polónia tal como eu) e a Nanita, uma colega da universidade que deve ser das portuguesas menos típicas que já conheci.
O avião que nos levou era um Airbus da Air France que aterrou em Varsóvia já de noite; pouco antes de aterrar espreitei pela janela e pensei se naquele país que sobrevoava não estaria alguém especial, a minha verdadeira cara-metade. Pelos vistos não era apenas um pensamento solto, era uma mesmo uma premonição!
O primeiro carro que vi, ainda no ar, era um minúsculo Fiat 126 amarelo torrado numa estrada solitária. Pouco depois aterrávamos no aeroporto de Varsóvia com a sua placa a letras vermelhas WARSZAWA. Naquela altura ainda estava por remodelar e muito diferente do Okęcie dos dias de hoje. Ao sair do avião senti no rosto a diferença de temperatura enquanto observava atentamente o aspecto algo antiquado do aeroporto e uma mulher-policia alta e bonita. Já tinha sido avisado por colegas da universidade que na Polónia era só "gajas boas", o aviso havia sido feito por um colega meu, em frente da então namorada: - Vais para a Polónia? Xii... nem sabes no que te vais meter! As mulheres são do melhor... têm uns olhos que parecem de gato!
Pelos vistos esperavam-me mulheres altas com atributos e pormenores que não interessa desenvolver num blogue... claro que ele nem imaginava que a rapariga que me acompanhava era minha namorada e por sinal bastante ciumenta!
Para entrarmos de pé direito fomos prontamente dirigidos, por um simpático senhor, para um Mercedes W124 cor de vinho que aparentemente era um táxi... depois de percorrermos as avenidas de Varsóvia na procura de um hotel decente, fomos despejados numa pensão sem nos livrarmos de pagar "a andred złoty" pela corrida. Dormimos os três num quarto onde não percebia rigorosamente nada do que passava na televisão mas que pelo logótipo parecia ser o Big Brother.
Na manhã seguinte foi o acordar para a realidade pura e dura da język polski... ninguém na pensão falava inglês, francês ou espanhol. Tive de desenhar um pão e um pacote de manteiga para me fazer entender! Aprendi rapidamente que pão diz-se chleb e manteiga masło .. nesse pequeno almoço não só tive o pão e a manteiga como ainda disseram "artysta" quando viram o meu desenho! Menos mal que sabiam o que era coffee...
E assim fomos para Warszawa Centralna, esse mausoléu da PRL (Polska Rzeczpospolita Ludowa) ou República Popular da Polónia para apanharmos o comboio para Łódź.
Meu Deus... onde fui parar!!!
Depois de mais de duas horas de comboio PKP desaguamos numa estação ainda pior que Warszawa Centralna; estávamos em Łódź Fabryczna.
Os primeiros dias foram complicados. A residência para estudantes onde ficamos era um ex-quartel, pintado em tintas plásticas grossas, o quarto cheirava a chulé e a residência era o local onde viviam muitos polacos na sua maioria antipáticos e ciumentos. Foi nessa residência que comecei a constatar como alguns deles marcam o território sempre que se sentem ameaçados na sua "machidade" (como diz o Zézé Camarinha)... põem a mão no rabo da sua menina e olham de lado como quem diz "é meu!!!" OK... Com certeza que os portugueses residentes, melhor que do que ninguém, sabem ao que me refiro...
E assim tudo começou; foram-se os anéis e ficaram os dedos, surgiram novos amores, houveram desgostos e grandes alegrias, projectos que falharam e outros que resultaram mas sobretudo foi o inicio de uma aventura que ainda dura com um casamento pelo meio, um filhote e outro que está para chegar em Janeiro, todos eles fruto de uma bem sucedida joint-venture luso-polaca.
Este é o meu blogue que estava adiado há muito tempo. Entretanto surgiram outros emigrantes como eu, novos blogues nasceram entre os quais os inspiradores Divina Polónia, o blogue do Misha e o do Rui Vilela, entre outros.
Zapraszam wszystkich!
5 comentários:
ora bem, eis o blogue que faltava.
votos de muitos posts de vida, inspirados e inspiradores. que eu vá conhecendo lodz através do teu espaço para que não estranhe os locais onde me levarás para tratarmos do tal cafezinho.
abraço e felicidades para o blogue.
Boa sorte! :)
Obrigado pelos vossos comentários e amizade. A ver vamos como resulta o blogue.
Até agora tenho gostado muito de ler o blog (só o descobri agora). Especialmente este post, porque revejo-me em certas experiências que como estudante Eramus também estou a ter.
Continuarei a cá vir!
:)
Obrigado Arnath.
O grande poeta e mistico português Fernando Pessoa era copy-writer de uma agência de publicidade. Nos anos 20 ou 30 foi ele que introduziu o famoso slogan da Coca-Cola "Primeiro estranha-se, depois entranha-se".
Assim é com a Polónia. Para muitos portugueses primeiro estranham e depois ficam a gostar e querem ficar ou revisitar regularmente o país.
Quase todos os que fazem Erasmus na Polónia acabam por encontrar uma polaca(s) com as quais namoram e, vá-se lá saber porquê, mas portugueses e polacas é como fogo em estopa...
LOLOLOLOL
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