sábado, 25 de julho de 2015

Polónia e a UE - Quem manda aqui somos nós!


É sabido que a adesão da Polónia à União Europeia em 2004 traria novos desafios e questões várias desde as fronteiras da UE, que passaram a ter a Federação Russa como vizinhos, à emigração, quando o Espaço Schengen passou a incluir os novos Estado-Membros, temendo-se uma «invasão polaca» um pouco por toda a Europa dos 15, e também a competitividade que este país traria pela potencial força de trabalho e infraestruturas deixadas pelas grandes fábricas e indústrias construídas antes e após o comunismo além de salários muito abaixo da média dos restantes parceiros.  O que talvez tenha sido menos expectável foi a resistência dos polacos às exigências de Bruxelas... 



Quando se deu a crise económica de 2008 a Polónia foi dos poucos, senão o único país da UE, a driblar a situação de tal modo que chegou a propor ao FMI a possibilidade de emprestar dinheiro aos parceiros europeus. À medida que os anos foram passando a economia polaca cresceu exponencialmente apesar das sucessivas crises políticas e da perda de um presidente e membros do governo em 2010 na Catástrofe de Smolensk. 

A adesão da Polónia à moeda-única foi sempre um tema controverso ainda que durante o executivo de Donald Tusk (agora Presidente do Conselho Europeu) se aventasse a hipótese de aderirem rapidamente, o que não veio a acontecer. O Euro ainda não destronou o Zloty, também conhecido como PLN e não parece que venha a acontecer nos próximos quatro anos... 

O novo Presidente da Polónia, Andrzej Duda, do partido PiS, foi peremptório na decisão de levar a referendo a adesão do país à Zona Euro ainda que tenha sido revelado pela boca do Ministro dos Negócios Estrangeiros Krzysztof Szczerski.  

Como se não bastasse a afronta a uma UE agora fragilizada pela crise grega e pelo futuro referendo inglês à permanência ou não na união o executivo mostra-se firme na oposição à interferência de terceiros nos seus assuntos internos incluindo a perda de soberania para a UE (sic) e também a eterna questão de reduzirem a poluição provocada pela queima de carvão na produção de energia - a Polónia é o maior produtor e exportador de carvão da UE. Um manguito dirigido a Bruxelas e por consequência à eminência-parda Angela Merkel. 

A juntar ao murro na mesa de Duda a Primeiro-Ministro polaca, Ewa Kopacz foi resoluta na decisão que a Polónia não aceitará pagamentos do resgate à Grécia e que tal deverá ser feito por os membros da Zona Euro em conjunto, além disso afirmou que se assim forem obrigados querem ser ressarcidos dos 200 milhões de Euros que sairiam dos cofres do Estado polaco. 

Parecem notas do jogo do Monopólio, são relativamente pequenas em comparação ao € (proporção é de cerca de 1€ = 4 PLN) mas de certo modo têm mantido a Polónia longe dos ventos de tempestade da zona-euro e dos resgates e austeridade de países como a Grécia, Espanha e Portugal. 

Sondagens efectuadas sobre a adesão ou não da Polónia à moeda única revelam que a maioria dos polacos votaria não caso se fizesse o referendo (obrigatório de acordo com a constituição polaca).

Depois de estarem debaixo de fogo por Bruxelas pelo facto de limitarem o número de refugiados a pedirem asilo e a serem na realidade forçados a aceitar cerca de duas mil famílias sírias - Ewa Kopacz alega não haverem condições financeiras para aceitarem mais refugiados - surgem sondagens que revelam a pouca aceitação dos polacos a emigrantes, sobretudo aqueles vindos de países islâmicos e africanos. 

A UE fica assim a saber que a partir da fronteira com o rio Oder o politicamente correcto e as decisões amiúde ditatoriais de Bruxelas terão de enfrentar os descendentes da tribo dos «Polanos», as «gentes dos campos» de grande resiliência e determinação contra os seus invasores, inimigos e regimes políticos totalitários.   




1 comentário:

Ryan disse...

Revejo-me no não à adesão ao Euro pela Polónia. Nem tanto pela crise grega mas pelo facto de que o Euro desde sempre não trouxe benefício aos Países periféricos da UE. Vivo cá perto de 8 anos e nunca concordei com a adesão. Os ventos que sopram indicam que se os Polacos o fizerem vão-se ver gregos mais tarde.