Porventura alguns dos leitores se recorda ou já se deparou com aqueles bibelot e decorações kitsch típicas nas casas dos avós ou dos tio-avós portugueses (mas não só) como os quadros com o menino a chorar, a recordação da ida a Fátima, o sofá imaculado coberto com rendas, o Galo de Barcelos em cima do frigorífico e, não fossemos um país de futebol, os símbolos dos três grandes clubes ou da selecção nacional algures numa, ou em diversas, divisões da casa e no automóvel. E na Polónia?
O retrato de Josef Piłsudski na sala de jantar ou no hall de entrada
Um herói nacional reconhecível imediatamente pelo seu farfalhudo bigode, olhar penetrante e farda do exército nacional da Polónia.
Foi presença nos grandes conflitos que fazem parte da história da Polónia; da I Grande Guerra passando pela guerra polaco-ucraniana, polaco-lituana e polaco-soviética. Correu com os russos e prussianos - o que sempre foi uma tarefa dantesca - e logrou a libertação da Polónia depois de mais de um século de partição, foi primeiro chefe de estado da II República da Polónia e posteriormente considerado ditador de facto - ainda que nem todos os polacos o considerem historicamente correcto...
Símbolos religiosos católicos
Os polacos são, regra geral, católicos e religiosos, não gostam muito que se brinque com religião - sobretudo com o catolicismo - e as igrejas ao domingo e nos feriados religiosos estão cheias, os conventos e mosteiros ainda têm muitas freiras e monges e não há escassez de padres ao contrário de outros países católicos.
A cruz de Cristo, o retrato da Nossa Senhora de Częstochowa, passada a espada pelos suecos (reparem os traços no rosto) que chegaram a estas terras atravessando o Báltico congelado, o retrato de João Paulo II, que eles denominam de "o nosso Papa", o P com ancora, símbolo da resistência polaca durante a II Grande Guerra, por vezes uma bandeira ou pin do Sindicato Livre Solidariedade, o retrato do monge franciscano Maximilian Kolbe que morreu esfaimado em Auschwitz ficando conhecido por sobreviver sem comer durante um tempo inusitado - recolhia migalhas para alimentar os prisioneiros - e nalguns lares o retrato de Lech Wałesa ainda que ao longo do tempo muitos foram retirados ou mesmo rasgados à medida que o descontentamento com o líder do Solidarność aumentava...
Fotos de família com um Fiat 126P ou "maluch"
Depois de 1945 a Polónia encontrava-se destruída e arruinada e nas décadas seguintes, quando o bolo chamado Europa, foi dividido entre os EUA e a URSS, o domínio do grande irmão soviético foi uma constante até quase ao final da década de 80.
Um carro minúsculo para gente grande. Os condutores polacos altos mal cabiam no 126 P mesmo com o banco todo puxado atrás no entanto vendeu como pão quente e motorizou um país inteiro. |
Nos anos sessenta e setenta contudo, os italianos da então poderosíssima Fiat do "commendatore" Giovanno Agnelli conseguiram vender alguns dos seus modelos sob licença, a troco de aço e mão-de-obra, do lado de lá da Cortina de Ferro. Na URSS chamaram-se Lada e na Polónia Fiat Polski onde tinham um P a denominar a origem de fabrico.
Em 1972 o substituto do carismático 500, o 126, passou a ser construído na gigantesca fábrica da FSO em Tychy com o tal P em anexo e literalmente motorizou a Polónia, tornando-se um ícone do país e da "PRL" (República Popular da Polónia) e de milhões de histórias com este pequeno carro como protagonista o que não é de admirar tendo em conta que deixou de ser fabricado apenas em 2000!
Não é difícil encontrar inúmeras fotos de família polacas fazendo as suas férias no Báltico ou os Cárpatos com um 126 carregado de malas e duas ou três crianças aconchegadas no banco de trás num tempo em que ninguém se preocupava com cintos de segurança, cadeiras ISOFIX, airbags frontais, laterais, de joelhos e de cortina e muito menos multa por ter um puto à solta dentro do carro...
A recordar a velha anedota polaca; qual a zona de deformação de um Fiat 126? Não sabem? Tudo aquilo que fica entre o capot e o motor (para quem não percebe nada de carros o 126 tinha o motor atrás)...
O judeu com a moeda de 1 groszy, judeus e diabretes...
Um retrato onde um velho judeu de barbas inspeccionar uma moeda, uma estatueta com um judeu a segurar um moeda de 1 groszy (um cagajessímo de €) ou um judeu a tocar um violino são talismãs ou amuletos para boa sorte num lar ou escritório, o corresponde ao símbolo de "figas".
O Diabeł Boruta ou Diabo Boruta
Existem desenhos, estatuetas e inúmeras figuras de artesanato com este diabrete, inclusivamente algumas onde copula, levanta saias a senhoras, bebe vodka entres outras leviandades...
1 comentário:
Um vez eu vi o "maluch" em Lisboa.
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