segunda-feira, 30 de março de 2015

Atenção às fronteiras do Leste


Enquanto o mundo discute a inacreditável tragédia aérea nos Alpes, as barbaridades do ISIS, em Portugal as ultimas do campeonato de futebol, o ridículo do Secret Stories (aquela do Zeze Camarinha e do Castelo Branco foi engraçada) na Polónia e em geral na Europa do Leste o movimento de tropas nas fronteiras com a Ucrânia e a Rússia são cada vez mais notórias havendo inclusivamente uma recepção calorosa aos exército dos EUA...


Operação Dragoon Ride na Primavera de 2015: Fonte: Daily Mail http://www.dailymail.co.uk/news/article-3018579/Supporters-waving-Stars-Stripes-cheer-armored-U-S-convoy-Prague-strength-Putin-rolls-Europe.html


Um contingente do exército do EUA, ao abrigo dos acordos de defesa da NATO, munido de veículos armados, soldados super-equipados e helicópteros atravessou os Estados Bálticos, A Polónia, Eslováquia e República Checa com destino à Alemanha na Operação Dragoon Ride.

O comboio militar dos EUA com destino à Alemanha passa pela República Checa onde é recebido calorosamente ainda que se encontrassem grupos de protesto anti-NATO e pró-Rússia. Fonte: Daily Mail AFP/Getty Images

O objectivo é o de demonstrar o compromisso dos países da NATO na defesa dos membros do Tratado do Atlântico Norte fazendo braço de ferro com Vladimir Putin e com as suas demonstrações de poder (voos de aviões, bombardeiros, demonstração de poderio naval com fragatas, submarinos e war games) na Europa Ocidental.

Na passagem do comboio militar dos EUA pela República Checa alguns cidadãos decidiram dar as boas-vindas e cumprimentar os soldados americanos.

Temem-se acções militares da Federação Russa nos seus ex-estados da Estónia, Letónia e Lituânia e protecção da população e bases militares do Enclave de Kaliningrad que faz fronteira com a Polónia a Norte, junto ao Báltico. 

Na Ucrânia a situação está longe de ser resolvida com o conflito a tomar proporções graves com civis mortos, explosões de bombas e tiroteios e o rumor da anexação da parte Leste da Ucrânia para a Federação - na região da Crimeia e do Mar Negro onde se encontra a grande base militar russa de Sebastopol é pouco provável que volte a ser Ucrânia. 

Um colega de trabalho polaco - reservista do exército nacional da Polónia - foi chamado para treinos de desmantelamento de bombas no âmbito da crescente necessidade de demonstração de força e de protecção das fronteiras onde se teme o surgimento de refugiados de guerra da Ucrânia caso a Federação Russa e a NATO escalem o conflito. 

Milícias populares polacas treinam (Grupo SJS Strzelec) numa floresta recebendo treino básico para uma eventual defesa da pátria em caso de conflito com a Federação Russa. 

Na escola primária onde estuda o meu filho mais velho a organização Caritas promoveu uma acção de ajuda aos refugiados ucranianos onde pediam artigos de higiene e limpeza para serem entregues no país vizinho. 

Sendo português e filho de "retornados" - detesto este epíteto mas era assim que nos chamavam nos anos 70 - é o trazer à memória um momento da História de Portugal e no nosso caso de Angola onde a convivência com militares e com tensão entre facções rivais passou a ser normal - quando definitivamente não o era. 

Para os polacos, eslovacos e checos é ainda mais significativo pois de certo modo o abandono de que foram vitimas entre 1939 e 1945 e nas décadas seguintes onde praticamente se subjugaram à URSS e às ordens de Moscovo está ainda presente na memória colectiva. O pensamento é: Será que desta vez nos voltam a entregar ao russos ou de facto somos finalmente tidos como Europeus ocidentais?

A escolha foi feita desde 1989 e especialmente quando aderiram à NATO e posteriormente à UE mas de um facto importante e de certo modo perturbante é que a Polónia, pela sua posição geo-estratégica, estará sempre no fio da navalha... 



1 comentário:

Roberto disse...

O caso com a Russia é realmente sério. Deixo no ar para aqueles de nós que estendemos os nossos nomes em terras polacas, por via dos herdeiros, o que farão caso a ameaça Russa se torne em agressão?