Confesso que se não fosse a reacção do Sr. Embaixador da República da Polónia, Bronisław Misztal, a um artigo de opinião no Expresso, da autoria de Henrique Raposo, intitulado "São as portuguesas mais feias do que as outras?" nem me dignaria a vestir a armadura de cavaleiro Teutónico em defesa das polacas e das boas relações entre os dois países mas na qualidade de emigrante português na Polónia gostaria de tecer algumas considerações...
Como escreveu no Facebook Nuno Bernardes - um compatriota nestas lides polacas - o artigo não é digno do Expresso mas sim de uma conversa de taberna ou, como disse o Zé Carlos, que tem uma namorada polaca, isto são "conversas de bêbado no Bairro Alto às três da manhã". De facto perguntamos-nos como é possível uma redacção destas, digna de um texto escrito na Escola Secundária, ser publicado num dos jornais mais conceituados em Portugal. Supõe-se que o autor deve ter bons contactos no dito jornal ou então o público português anda a ser pouco exigente naquilo que lê. Em polaco resume-se tudo a um "ale jesteś burak!" que se pode traduzir como "és mesmo um nabo pá!".
A verdade é que o artigo de Henrique Raposo e a sua análise à mulher portuguesa foca uma questão que tem vindo a ser debatida em fóruns na Internet, comentários em jornais online e em privado. A questão da miscigenação dos portugueses, fruto da onda de emigração que foi denominada pelo Sr. Presidente da República Aníbal Cavaco Silva como "Diáspora portuguesa"...
Escrever sobre estereótipos num fórum na Internet ou num blogue é menos impactante do que num jornal de grande tiragem e audiência como o Expresso ainda para mais quando esses mesmos referem mulheres de outras nacionalidades com comentários de sendeiro: "Já repararam que as ancas e rabos das polacas parecem a A2 num dia calmo" (sic). Henrique Raposo talvez precise de mudar de oftalmologista e passar uma temporada na Polónia, o Verão deve chegar para que mude de opinião sobre a mulher polaca. É que aqui é comum encontrar uma jovem ou uma mulher linda de morrer mesmo em profissões simples como caixa de supermercado ou mulher da limpeza.
O facto da mulher portuguesa alegadamente ser difícil em função da falta de qualidade do piropo e da abordagem brejeira típica do borjeço lusitano tem a sua pertinência mas quanto a isso ou se tem paciência e resiliência ou é melhor partir para outra. O justo paga pelo pecador e quando se está no estrangeiro tudo acontece mais naturalmente e sem dramas, apenas isso. Será por esse motivo que as portuguesas no exterior comportam-se de outro modo? Fica a questão no ar...
Para finalizar uma reflexão sobre o último parágrafo do Sr. Embaixador Bronisław Misztal:
A nossa Embaixada também recebe por diversas vezes indicações de casos de disseminação do estereótipo negativo dos portugueses na Polónia, mas nós esforçamos-nos para garantir que este estereótipo não seja duplicado nos meios de comunicação polacos.
É um facto que a reputação dos portugueses na Polónia não é a melhor, os estereótipos vão do termos todos um metro e sessenta, sermos mulherengos, trairmos as namoradas ou as mulheres e não aguentarmos um casamento mais do que dois ou três anos enquanto as portuguesas são vistas muitas vezes como mulheres de baixa estatura e perna curta. No Brasil ainda fazem graça com o terem bigode.
Vive-se bem com esses estereótipos com isso mas ainda não li nenhum artigo dessa índole nos media polacos. Estou convicto que na generalidade, com excepções de alguns pasquins como por exemplo o Fakt, o jornalismo na Polónia ainda é levado mais a sério e de modo profissional.
Sr. Embaixador; bez przesady (sem exageros). Este artigo não belisca nem de perto nem de longe as relações entre Portugal e a Polónia mas como castigo para Henrique Raposo sugiro que uma bela polaca despeje no dito jornalista um balde de água no Śmigus Dyngus.
2 comentários:
Nåo tendo lido nada sbre o assunto abordado acho que aqui ninguėm chega a ter razåo...mulheres bonitase feias hä-as em todo lado.Ainda azedam as relações luso-polacas!!!!!
Por acaso também li o referido artigo, tal como indicado é digno de conversa entre "gajos" que acabaram de vir de erasmus e estão a gabar-se para os amigos as 3 da manhã num qualquer tasco!
Mas nada que me surpreenda vindo do autor do artigo, também me questiono, mesmo sendo artigos de opinião como é dada voz a esta pessoa! basta passar por uma vista de olhos por uns 5 ou 6 artigos e fica-se logo com a ideia geral da pobreza de reflexão dos mesmos.
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