Polónia, o país mais católico da Europa Central. Mais de 80% dos polacos identificam-se com esta religião e com as suas tradições milenares. Mencionar a História da Polónia sem esta instituição é uma falácia. A fé em Deus, Jesus Cristo, Nossa Senhora e nos santos é inabalável em grande parte dos polacos e a ascensão de Karol Wojtyła a João Paulo II em 1978, em plena Guerra Fria, foi um sinal claro que mesmo oprimida a voz da Igreja Católica Apostólica Romana não se cala e tampouco a fé dos seus fieis. Os tempos mudam e pela primeira vez na sua História a instituição é processada em tribunal.
Nada de novo escrever sobre os escândalos da Igreja Católica, já não se considera um assunto tabu e correram rios de tinta sobre abusos sexuais desde pedofilia a homossexualidade e promiscuidade entre o clero. É sempre bom frisar também que há na referida instituição grandes obras de caridade e gente que trabalha de forma incansável pelo próximo alheios certamente a questões económicas, politicas ou institucionais dos erros cometidos pelo Homem. Esses bom-pastores não têm nem a cobertura nem o interesse que desperta qualquer escândalo e intriga em que o Vaticano frequentemente se vê envolvido.
Marcin K. (o apelido ficou anónimo) foi mais uma das crianças vitima de um elemento do clero católico. Acusa o padre Zbigniew R. de crimes de abuso sexual entre os anos de 1999 e 2001, apoiado pelo grupo humanitário Fundação Helsínquia. Por este crime pede um pedido de desculpas oficial da Igreja Católica polaca a serem dadas em público nos meios de comunicação social como o Newsweek Polska e Gazeta Wyborcza além de 200.000 złoty (cerca de 50.000€) em indemnização pelos danos morais causados. O Vaticano e a paroquia do padre Zbigniew em Kołobrzeg devem responder pela falta de acção efectiva nos casos de abusos sexuais perpetrados pelo seus pastor, neste caso um padre pederasta.
O caso de Zbigniew R. junta-se a outro escândalo envolvendo outros dois religiosos polacos, o Padre Wojciech Gil e o arcebispo Jozef Wesołowski acusados de pedofilia na República Dominicana. A foto picada na Internet foi publicada pela semanário polaco Angora mostrando o religioso numa piscina com um rapaz.
O padre Zbigniew R. havia sido suspendido de funções na sua paróquia pelo Bispo que a rege mas nunca foi condenado em tribunal civil pelo crime de pedofilia e abuso sexual. Segredos sórdidos escondidos na medida do possível pela instituição religiosa e por aqueles com funções administrativas dentro da Igreja Católica.
Em liberdade e gozando a protecção a que o clero goza pelo seu estatuto o padre continuou a sua actividade de predador sexual enquanto travou em batalha jurídica, até aos limites legais, o seu encarceramento. Zbigniew foi em 2012 sentenciado a dois anos de prisão apelando à revogação da sentença tendo em conta motivos de saúde. O pedido de desculpas foi dado mas a indemnização ainda não e provavelmente nunca será.
O caso de Marcin K. e do Padre Wojciech revela que a sociedade polaca está em mudança e que a Igreja começa lentamente a ter de se responsabilizar e a agir sob pena de se misturar o trigo com o joio e com isso o total descrédito da mesma enquanto instituição.
1 comentário:
Olá
Tal como prometido, cá estou eu...um português, em Portugal que, por circunstâncias da Vida, está agora a descobrir a Polónia.
Prometo ser visita frequente;-)
Cumprs
Augusto
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