segunda-feira, 29 de julho de 2013

40 grados (Que Calor de Loco)

Onde é que está a Polónia dos graus negativos, da neve, do gelo e das madrugadas geladas? Com certeza mesmo ao virar da esquina - em menos de três meses estes dias de canícula vão parecer uma miragem, do mesmo modo que os dias de invernia o parecem ser neste preciso momento. Temperaturas a rondar os quarenta graus - na realidade quase nos quarenta - num país habituado a Primaveras frescas e Verões amenos salpicados com tempestades é um fenómeno assinalável. 


Em Łódź torna-se difícil respirar e caminhar ao sol. Não temos rio, mar ou lago e o calor é verdadeiramente abafado a recordar-me em parte aquele que se sente amiúde no Oriente e quase sempre depois de um ou dois dias de calor uma tempestade de proporções bíblicas abate-se sobre a Polónia. 

As esplanadas estão agora à pinha e litros de cerveja são derramados em grandes canecas para refrescar temporariamente a sede - quem já conhece a Europa Central e de Leste não se surpreende com as mini-saias que se vêem aqui e ali mostrando as longas e bem torneadas pernas das polacas mais os seus decotes ousados. Umas bronzeadas depois das férias ou em bronzeados domésticos, de parque ou de varanda, outras no tom marmóreo que as caracteriza e que para muitas é praticamente impossível de mudar pelas características da sua pele e raça. Algumas pintam o cabelo de preto fazendo contraste com os olhos claros e nota-se o cuidado que tiveram na beleza; unha francesa, manicura, maquilhagem cara e a depilação feita com esmero. Prova disso são a quantidade de salões de beleza e cabeleireiros nos grandes centros urbanos polacos.

domingo, 14 de julho de 2013

Viver com um português


É um facto que a Polónia tem cada vez mais emigrantes sobretudo de Leste. Os seus vizinhos da Ucrânia e da Bielorrússia mas também da Moldávia e das antigas repúblicas da URSS (Tchetchenia, Cazaquistão) procuram melhores condições de vida e trabalham em ocupações que os próprios polacos evitam ou fazem no estrangeiro, sobretudo na Inglaterra, Escócia e Irlanda. É também um facto que a Polónia, dos países da UE, é um dos que tem menor percentagem de emigrantes - cerca 2% da população - de acordo com as estatísticas. Entre eles estão alguns portugueses, quase como os gauleses da aldeia de Obélix e Astérix.

Uma pergunta recorrente a muitos portugueses na Polónia é o que estamos aqui a fazer. Afinal de contas deixamos o nosso "jardim à beira-mar plantado" por um país frio, com pouco sol, ex-comunista, com uma democracia jovem e com um nível de vida inferior àquele de Portugal e da maioria dos países da UE. A resposta não é fácil e muitas vezes só mesmo um "porque sim" serve como explicação. A maior parte dos emigrantes portugueses são homens e têm uma relação afetiva ou casamento com uma polaca mas também já se começam a encontrar cidadãs portuguesas com polacos ainda que em muito menor quantidade. 




Durante a revolução industrial, em pleno século XIX, a cidade de Łódź teve alguns emigrantes portugueses mas pouco ou nada se sabe sobre eles. Consta que alguns passaram por aqui durante a II Grande Guerra, alistados no exército espanhol para combaterem na Frente Russa, ao lado dos alemães. Quando passaram pela Polónia literalmente perderam as estribeiras com as polacas deixando os organizados e disciplinados alemães à beira de um ataque de nervos - a tal ponto que estes lhes chamavam de ciganos e ainda tinham de os ouvir a cantar o Tiroliro! Morreram todos pouco depois.