quinta-feira, 26 de maio de 2011

Passos Coelho na Polónia?


Um envelope escrito em português metido numa caixa de correio num prédio polaco. O remetente? O Partido Social Democrata! A primeira reacção foi de surpresa, afinal como pode o PSD saber o meu endereço? Pensei que há oito anos, quando sai intempestivamente de Portugal, para uma emigração improvável, tinha-os deixado (os partidos políticos) para trás. 

Em 2004 o próprio primeiro-ministro, Durão Barroso, do PSD, tinha decidido emigrar para a Bélgica passando a trabalhar numa instituição qualquer lá para os lados de Bruxelas, parece que ia "tirar" um bom ordenado e não ia ter de alugar apartamento nos subúrbios da capital belga, entre árabes e turcos ou entre portugueses de bigode farfalhudo e unha do dedo mindinho comprida que conduzem um Mercedes 190 vermelho com jantes especiais.

Agora a sério, fiquei satisfeito. Seria muito pior se ao abrir o envelope desse de chofre com a cara de José Sousa, mas não, era mesmo Passos Coelho. Ufa!
 Recentemente recenseei-me no consulado português em Varsóvia, uma questão que não foi logo resolvida por motivos burocráticos mas que, de acordo com o que foi falado recentemente ao telefone, parece confirmar que estou mesmo recenseado como emigrante. Assim recebi o boletim de voto e o envelope bem como o tal desdobrável do PSD. O que não sabia era que os meus dados pessoais seriam fornecidos ad hoc por o nosso consulado a um partido político português que, curiosamente, só votei uma vez ou duas sendo uma delas para o presidente da câmara de Vila Nova de Famalicão e a outra para tirar da presidência mais um candidato maçon do PS. 

Em Portugal via este papel no máximo um ou dois minutos. Agora está ali para ser apreciado. Gosto particularmente do símbolo do Partido da Terra, um trevo de quatro-folhas. Faz-me lembrar os Alfa Romeo Quadrifoglio Verde e dizem que dá sorte,  além disso a minha mulher encontra-os amiúde. Tenho pena dos partidos pequenos, eles bem tentam mas o povo vai sempre para os mesmos...
 O desdobrável é dirigido especificamente às comunidades portuguesas no estrangeiro, a dita diáspora portuguesa - quais judeus acossados - e aborda alguns pontos bastantes pertinentes na política do executivo "Socratino" em relação aos emigrantes e respectivas comunidades.

Cito: 

Ao longo dos últimos anos, ao contrário de tudo o que prometeu, o governo socialista tomou medidas incompreensíveis:

- Extinguiu as contas poupança-emigrante
- Tentou eliminar o voto presidencial
- Ignorou o crescimento da emigração portuguesa
- Falhou na reforma do Ensino de Português no estrangeiro
- Desqualificou os postos consulares que sobreviveram com enormes carências humanas e técnicas
- Fez desaparecer o porte pago para a imprensa regional
- Esvaziou o Instituto Camões de meios estratégicos

E falhou em muito mais, os resultados estão à vista e só muito boa vontade ou um partidarismo completamente cego podem qualificar este primeiro-ministro de líder de alguma coisa. Os tempos são outros e fosse nos idos da primeira república já o dito teria muito provavelmente sofrido uma emboscada sendo liquidado como foi Sidónio Pais em 1918.

Cada vez somos mais a deixar o país, uns naquela emigração típica de pouparem o que mais podem até juntarem o suficiente para construirem a vivenda com o telhado em bico lá na aldeia (imagino o que seria uma casa típica de Zakopane no Algarve ou no Minho) e outros pelo facto de quererem experimentar viver no estrangeiro, procurando novas experiências, novas aventuras ou simplesmente pelo facto de que para se desenvolverem têm mesmo de estar longe da pátria...




Sem comentários: