Anatoly Shapiro, um ucraniano, comandava as tropas do Exercito Vermelho que deveriam tomar Auschwitz. Incrédulos, os soviéticos, depararam-se com verdadeiros farrapos humanos, pouco mais que esqueletos. Um horror que se tornou o ícone da politica de extermínio de Hitler e que não deve ser esquecido nunca.
Não fosse ter ouvido a sirene dos bombeiros a tocar ininterruptamente, perto do meio-dia, nem teria porventura me apercebido desta data. Aproveitava a manhã em família num dia em que começo o meu turno às 14 e ouvi ao longe o zunido da sirene no quartel de bombeiros de Bałuty. É uma sensação estranha ouvir uma sirene na Polónia, num dia cinzento e frio de Janeiro sabendo o que a mesma representou para milhões de pessoas apenas há seis décadas atrás.
Visitei os campos de concentração de Auschwitz há quase dez anos, quando era estudante Erasmus, é um dos locais que muitos turistas querem visitar quando estão na Polónia - uns por curiosidade mórbida, outros para se inteirarem da História. Foi na primeira visita a Cracóvia que decidi ver com os meus próprio olhos o dito Holocausto, ou o que resta fisicamente dele. O melhor método é mesmo comprar um bilhete de autocarro para Oświęcim, uma pequena cidade polaca que é conhecida em todo o mundo pelo nome que não devia ser - Auschwitz. No primeiro contacto visual com "Auschwitz I" - o campo de concentração com a infame frase Arbeit Macht Frei - não nos apercebemos imediatamente que estamos a chegar a um campo de concentração; fica-se com a ideia que se trata de umas casas ou, quando muito, de um aquartelamento. O campo é decepção do principio ao fim e assim o foi para quem teve o infortúnio de lá parar. Os Nazis não pretendiam dar nas vistas no seu plano conhecido com Solução Final. Auschwitz tinha tudo para parecer um local onde as famílias judias seriam deportadas e detidas mas tratadas com humanidade.
Visitei os campos de concentração de Auschwitz há quase dez anos, quando era estudante Erasmus, é um dos locais que muitos turistas querem visitar quando estão na Polónia - uns por curiosidade mórbida, outros para se inteirarem da História. Foi na primeira visita a Cracóvia que decidi ver com os meus próprio olhos o dito Holocausto, ou o que resta fisicamente dele. O melhor método é mesmo comprar um bilhete de autocarro para Oświęcim, uma pequena cidade polaca que é conhecida em todo o mundo pelo nome que não devia ser - Auschwitz. No primeiro contacto visual com "Auschwitz I" - o campo de concentração com a infame frase Arbeit Macht Frei - não nos apercebemos imediatamente que estamos a chegar a um campo de concentração; fica-se com a ideia que se trata de umas casas ou, quando muito, de um aquartelamento. O campo é decepção do principio ao fim e assim o foi para quem teve o infortúnio de lá parar. Os Nazis não pretendiam dar nas vistas no seu plano conhecido com Solução Final. Auschwitz tinha tudo para parecer um local onde as famílias judias seriam deportadas e detidas mas tratadas com humanidade.
Pude ver as conhecidas vitrinas com os milhares de óculos, sapatos, bagagens, os cabelos e a porta para o abjecto Bloco 10 do Dr. Mengele onde, em nome da ciência e medicina, se realizaram experiências hediondas em seres humanos. Vi igualmente a cela onde morreu o padre polaco Maximilian Kolbe, canonizado pela Igreja Católica. Kolbe havia tomado o lugar de um homem que iria sofrer a punição de morrer de fome junto com outros 9 companheiros. Ao fim de duas semanas e meia Kolbe estava vivo e só uma injecção letal lhe tirou a vida.
Imaginação nunca me faltou e observar aquela porta, aquelas paredes em tijolo burro com as janelas em madeira, o arame farpado, os holofotes e as torres, os avisos em caracteres góticos tomam de assalto qualquer racionalidade e o "conforto psicológico" que a distancia temporal nos permite. Saí dali para Auschwitz II onde se encontra o não menos conhecido carril para o "fim da linha".
Imaginação nunca me faltou e observar aquela porta, aquelas paredes em tijolo burro com as janelas em madeira, o arame farpado, os holofotes e as torres, os avisos em caracteres góticos tomam de assalto qualquer racionalidade e o "conforto psicológico" que a distancia temporal nos permite. Saí dali para Auschwitz II onde se encontra o não menos conhecido carril para o "fim da linha".
Se Auschwitz I é um lugar tenebroso, Auschwitz II supera-o. Ali sentimos um nó na garganta à medida que nos aproximamos do portão principal - no meu caso ainda teve mais impacto pois fui a pé por estrada do complexo I ao complexo II calcorreando parte do carril que levou tanta gente para uma morte certa.
Parece impossível que ainda possamos ver aquele portão de ferro com a torre de vigia e as janelas, a entrada alta e larga como uma boca escancarada engolindo o comboio e os seus passageiros. Subi as escadas e fui até à torre de vigia para assinar o livro de visitas - enquanto português não deixei de sentir um certo alivio pelo facto de termos sido um país neutro durante a II Grande Guerra, por estarmos a Sul, longe do epicentro de um conflito insano. Como teria sido se os Nazi tivessem invadido Portugal e Espanha, quantos portugueses e espanhóis não teriam sido exterminados noutros campos idênticos, algures na Península Ibérica?
Parece impossível que ainda possamos ver aquele portão de ferro com a torre de vigia e as janelas, a entrada alta e larga como uma boca escancarada engolindo o comboio e os seus passageiros. Subi as escadas e fui até à torre de vigia para assinar o livro de visitas - enquanto português não deixei de sentir um certo alivio pelo facto de termos sido um país neutro durante a II Grande Guerra, por estarmos a Sul, longe do epicentro de um conflito insano. Como teria sido se os Nazi tivessem invadido Portugal e Espanha, quantos portugueses e espanhóis não teriam sido exterminados noutros campos idênticos, algures na Península Ibérica?
Auschwitz II é gigantesco e encontra-se parcialmente destruído depois da debandada dos Nazi em 1945. O Exercito Vermelho aproximava-se a passos largos e nem as ordens superiores dadas pelos SS de exterminarem os prisioneiros que restavam (7000) foram acatadas. Grande parte dos casebres, barracas, dos crematórios e das instalações foram destruídas com obuses e granadas de mão. Um dos principais crematórios é hoje em dia um monte de ruínas. Mesmo assim ainda lá está um dos crematórios e a sala onde gaseavam os prisioneiros.
O dia passou num ápice e o sol começava a por-se; o cansaço sentia-se como se fosse um pesado cobertor nos ombros e rapidamente me apercebi que Auschwitz está carregado de becos sem saída, só regressamos pelas barracas, tudo ao redor são trincheiras fundas e valas. Bastava, a dada altura já só queria sair dali para fora!
Hoje, a 27 de Janeiro de 2011 celebra-se o aniversário da libertação de Auschwitz pelo Exército Vermelho. O presidente Komorowski presta a sua homenagem e, pela primeira vez, um sobrevivente pode contar a história do povo Rom - os ciganos que foram exterminados junto com polacos, húngaros, checos, eslovacos e tantos outros opositores ao fascismo.
2 comentários:
Pressentia que estavas a escrever.Não me enganei.
Nem sabia que a Polónia fazia esses gritos de sirene,compreendo é legitimo.
Conduzes-nos tão bem nessa tua visita que quase te acompanhamos.Hediondo tudo o que se fez é bom nunca se esqueçam tamanhas enormidades.Bem hajas por escreveres sobre isso.Bj da Mãe
Eu ja fui varias vezes a Auschwitz. Cada vez que la vou descubro coisas novas. E dos lugares da historia que revisito sempre que posso. II Guerra Mundial e das coisas que mais me impressiona ainda. A Europa e o que e hoje gracas tambem a essa guerra. A ultima vez fui com um grande amigo meu que e militar e tivemos a oportunidade de sair do normal da visita e fomo-nos "sujar" em partes em que normalmente os guias nao nos levam. Em Auschwitz II foi mesmo andar quase por um pantano. Ainda hoje pergunto como e possivel o homem ser quase irracional. Continuo a ler livros sobre essa guerra e historias que me fazem pensar. Dai eu ser alguem cuja a curiosidade por este periodo ser mesmo insaciável.
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